O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) está estudando uma série de mudanças em sua estrutura de política monetária, informou o presidente do BC chinês, Pan Gongsheng, em discurso preparado para evento e divulgado nesta quarta-feira. Entre as medidas avaliadas, estão alterações na estrutura de fornecimento de crédito, ferramentas de transmissão dos juros, uso do mercado de títulos e maior transparência nas operações e comunicação do banco central.

Um dos pontos principais destacados pela autoridade chinesa é a questão das diversas taxas de juros do PBoC, que lidam com ferramentas monetárias diferentes e tornam a transmissão monetária “complexa”.

“Podemos considerar transformar uma taxa de juros de curto prazo a principal referência da política monetária, apontou Pan Gongsheng, citando a taxa de recompra de 7 dias e acrescentando que outros juros podem ser diluídos para “endireitar” a transmissão monetária. “Algumas taxas cotadas pelo mercado desviam significativamente da taxa real mais favorável ao consumidor. Vamos nos concentrar em melhorar a qualidade da LPR para refletir isso.”

Sobre a estrutura de crédito, o presidente do PBoC afirma que será difícil manter um crescimento de empréstimos no mesmo ritmo de anos anteriores. Pan lembra que a China direcionou seu foco para um “crescimento econômico de qualidade” e não necessariamente “elevado”, e que empréstimos dos setores imobiliário e financeiro locais estão em queda, ambos cenários que podem afetar a estrutura de crédito se o formato atual for mantido.

Além disso, o PBoC almeja explorar modos de ampliar ferramentas para áreas, entidades e propósitos específicos, capazes de impulsionar a economia e também aliviar impactos de choques econômicos, a exemplo dos recentes problemas gerados pela pandemia.

O dirigente observa que algumas reformas de regulação de mercado já estão em prática e devem ajudar na condução “eficiente” de transmissão monetária no curto prazo, embora não alterem a estrutura em si.

O objetivo das alterações em avaliação pelo PBoC seria ir além, explorando “teorias e práticas” testadas sob uma perspectiva global para melhorar as ferramentas no longo prazo. Pan cita, por exemplo, que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) já reformularam suas estruturas de política monetária, enquanto o Banco da Inglaterra (BoE, em inglês) avalia medida semelhante.

“E se consideramos ter um papel maior na regulação das taxas de juros no futuro, precisamos ser capazes de mandar sinais claros para o mercado, para que ele tenha maior confiança e efetividade em tomada de decisões”, apontou o presidente do PBoC. Pan defendeu a melhora na transparência das operações e da comunicação, incluindo em projeções e expectativas futuras (guidance). “O discurso de hoje foi um esforço nesse sentido”, concluiu.