09/10/2023 - 11:31
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, salientou nesta segunda-feira, 9, que a instituição deve ter “a devida humildade” no enfrentamento de um ambiente de incertezas e que por isso a comunicação da instituição empregou palavras como parcimônia e serenidade para falar com a sociedade. “Com o caminho que se desenhou, a gente entende que o passo de corte de juros brasileiro, de 0,50 ponto porcentual, permite simultaneamente ajustar o nível de contração em que a política monetária se encontra e ir observando esses fenômenos domésticos e internacionais para entender e depurar o que está acontecendo na economia”, argumentou, em reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Segundo ele, as reações da economia não têm acontecido sempre da forma esperada pelos analistas.
Galípolo citou o caso do mercado de trabalho, que apesar de aquecido, não vem se refletindo em pressões inflacionárias maiores. Este é um tema, segundo ele, que está sendo discutido no mundo como um todo, e não é uma jabuticaba brasileira.
O diretor também comentou que, apesar da mudança vista recentemente no mercado internacional, o comportamento da moeda brasileira está relacionado com o quadro externo, mas de acordo com seus pares, outros países emergentes.
“O Brasil conseguiu e consegue, apesar disso, seguir corte de juros no passo que foi anunciado pelo BC desde agosto, primeiro porque a inflação vem demonstrando um comportamento benigno, com surpresas positivas tanto do crescimento econômico quanto da inflação”, disse Galípolo. “Além disso, a inflação de serviços tem sido mais resiliente, mas historicamente esse grupo sempre roda acima dos outros preços”, continuou, dizendo que o tema vem sendo olhado com muito cuidado pelo BC.
Moedas dos emergentes
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse que as mudanças recentes no quadro econômico mundial têm feito com que boa parte das moedas de países emergentes percam valor. “Os países emergentes costumam pagar um diferencial de juros como um prêmio para atrair investimentos”, afirmou.
Segundo ele, num cenário de prêmio mais elevado nos EUA, o diferencial se estreita para os emergentes.
Conforme o diretor, o estreitamento leva esses países a ficarem com um espectro da política monetária mais restrito. “A gente tem um cenário internacional agora, no segundo semestre, mais desafiador e desafios novos têm surgido”, pontuou, citando a guerra deflagrada neste fim de semana em Israel.