O Banco Central (BC) divulga na próxima quinta-feira, 27, o novo Relatório de Política Monetária (RPM), que substitui o Relatório Trimestral de Inflação (RTI). É a primeira edição do documento, criado a partir do decreto que instituiu a meta contínua para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), válida a partir deste ano.

Segundo o decreto, o RPM deve trazer “o desempenho da nova sistemática de meta para a inflação, os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação”. Em caso de descumprimento da meta, o BC deverá tornar públicas as razões no documento.

Procurada, a autoridade monetária confirmou que não haverá uma caracterização de descumprimento do alvo no relatório da próxima quinta-feira. A nova meta contínua considera o IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses seguidos, considera-se que houve descumprimento.

“Como a nova sistemática de metas para a inflação iniciou a partir de 1º de janeiro, a caracterização de eventual descumprimento somente pode ocorrer a partir da divulgação da inflação de junho de 2025”, informou o BC, por meio de nota.

O próprio Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou, na ata da sua reunião de dezembro, que as projeções do seu cenário de referência indicam que a meta contínua vai ser descumprida em junho, quando o IPCA terá ficado acima do teto, de 4,50%, por seis meses consecutivos em 2025.

As medianas do relatório Focus indicam que a inflação acumulada em 12 meses vai superar o limite até setembro de 2026, quando deve atingir 4,51%. Em outubro do ano que vem, deve cair a 4,47%.

Na quarta-feira, o Copom aumentou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, de 13,25% para 14,25%, e sinalizou um novo ajuste de menor magnitude em maio. O comitê afirmou que o cenário para a convergência da inflação à meta continua “adverso”, mas reforçou que a sua decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.

O colegiado espera que o IPCA feche 2025 em 5,1% e caia a 3,9% no terceiro trimestre de 2026, que é o horizonte relevante da política monetária.

O BC não respondeu se a estrutura do RPM será igual à do RTI, nem se o documento trará a análise sobre o desempenho da nova sistemática de metas de inflação ou sobre o resultado das decisões anteriores de política monetária. A autarquia também não informou se o documento continuará com a seção sobre probabilidade de estouro das metas, que era tradicional no RTI, mas considerava o alvo no ano-calendário.