O Banco Central afirmou que já tem maior convicção de que uma manutenção da taxa Selic em 15% ao ano por período bastante prolongado fará com que a autoridade monetária cumpra o objetivo de levar a inflação à meta de 3%, mostrou nesta terça-feira, 11, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

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“Na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê dá prosseguimento ao estágio em que opta por manter a taxa inalterada por período bastante prolongado, mas já com maior convicção de que a taxa corrente é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, disse o BC no documento.

A avaliação marca uma mudança na comparação com a comunicação de reuniões anteriores. Até o encontro de setembro, o colegiado dizia que estava avaliando se essa manutenção seria suficiente para garantir a convergência.

Leia aqui a ata do Copom da íntegra.

Na semana passada, o BC decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano e pregou uma manutenção da taxa nesse nível por período bastante prolongado para atingir a meta de inflação, sem apresentar sinalização sobre possíveis cortes à frente.

A ata, no entanto, conservou a ponderação de que segue vigilante e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. “(O Copom) não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.” No trecho da ata referente à decisão de política monetária, o colegiado repetiu que o cenário atual segue marcado por elevada incerteza, o que exige cautela na condução da política monetária.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, destacou a ata.

O colegiado repetiu as projeções de inflação acumulada em 12 meses, já apresentadas no comunicado, para 2025 (4,6%), 2026 (3,6%) e o segundo trimestre de 2027 (3,3%) – este último, o horizonte relevante da política monetária. Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3,0%. A trajetória considera uma desaceleração dos preços livres, de 4,5% este ano para 3,2% no horizonte relevante. Os preços administrados devem passar de 5,0% para 3,5% nesse mesmo período.

Impacto da isenção do IR

O Copom detalhou que optou por incorporar uma estimativa preliminar do impacto da medida de ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) no cenário de referência da sua última reunião, de novembro. Na ata do encontro, o colegiado disse considerar tal estimativa como bastante incerta e afirmou que irá acompanhar os dados para calibrar seus impactos.

“Esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava”, acrescentou.

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Repercussão

A ata do Copom reforçou a leitura do mercado de que o ciclo de cortes na Selic só deverá começar em 2026.

“Em resumo, está sepultada quaisquer possibilidade de afrouxamento monetário em 2025 e o início do processo dependerá da conjunção de fatores, como câmbio continuar favorável e desaquecimento gradual da economia para que a autoridade monetária possa deflagrar novos cortes, já que da parte do governo, o fiscal vai na linha contrária”, avaliou Jason Vieira, economista-chefe da MoneYou.

“Caso o BC adote o conservadorismo preconizado por uma estratégia hawkish hold (justificativa para a interrupção do ciclo de alta), não vemos condições para que o afrouxamento se inicie antes da reunião de março, o que passa a ser o cenário mais provavel na nossa perspectiva à luz de hoje”, afirma o economista-chefe da Ativa, Étore Sanchez.

Com informações da Reuters e Agência Estado