Por Leika Kihara

TÓQUIO (Reuters) – O banco central do Japão projetou que a inflação irá exceder sua meta este ano em novas previsões divulgadas nesta quinta-feira, mas manteve a taxa de juro ultrabaixa e sinalizou sua determinação de continuar sendo uma exceção em uma onda de aperto monetário dos bancos centrais globais.

O presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, descartou a chance de apertar a política monetária no curto prazo, dizendo que não tem “absolutamente nenhum plano” para elevar os juros ou o teto implícito de 0,25% estabelecido para a meta de rendimento dos títulos de 10 anos.

“A economia está no meio de uma recuperação da pandemia. O agravamento dos termos de troca do Japão também está levando a uma saída de renda”, disse Kuroda em uma conferência de imprensa.

“Como tal, temos que continuar com nossa política frouxa para garantir que o aumento dos lucros corporativos leve a um crescimento moderado dos salários e dos preços”, disse ele.

Como amplamente esperado, o Banco do Japão manteve sua meta de -0,1% para os juros de curto prazo e a de rendimento dos títulos de 10 anos em torno de 0%.

Embora o aumento dos custos de combustível e commodities tenha empurrado a inflação japonesa acima da meta de 2% do banco central, ele tem repetidamente dito que não tem pressa em retirar o estímulo, já que a desaceleração do crescimento global afeta as perspectivas para a economia ainda fraca.

“A incerteza em torno da economia do Japão é muito alta. Devemos estar atentos aos movimentos dos mercados financeiro e monetário, bem como seu impacto sobre a economia e os preços”, disse o banco em um relatório trimestral divulgado após a decisão.

Em novas projeções trimestrais, a diretoria elevou sua previsão para o núcleo da inflação ao consumidor no atual ano fiscal que termina em março de 2023 para 2,3%, de 1,9%. Também elevou sua previsão de inflação para o ano seguinte de 1,1% para 1,4%.

Mas o Banco do Japão cortou a previsão de crescimento deste ano fiscal para 2,4% de 2,9% e alertou para o golpe potencial das restrições de fornecimento persistentes, do aumento dos preços das commodities e da pandemia de Covid-19.

(Reportagem adicional de Tetsushi Kajimoto, Daniel Leussink e Kantaro Komiya)

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