26/06/2025 - 8:24
O Banco Central elevou sua projeção de crescimento econômico do Brasil em 2025 a 2,1%, contra patamar de 1,9% estimado em março, citando dados mais fortes que o esperado, em dinâmica que vai contra a tentativa da autoridade monetária de arrefecer a atividade para controlar a inflação.
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Em seu Relatório de Política Monetária, divulgado nesta quinta-feira, o BC disse que apesar da elevação na projeção para o ano, está mantida a perspectiva de desaceleração da economia ao longo deste ano.
“Essa moderação esperada decorre da manutenção de uma política monetária restritiva, do reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção, da perspectiva de moderação do crescimento global e da redução do impulso da agropecuária registrado no primeiro trimestre”, afirmou no relatório.
A projeção do BC ainda é menos otimista do que a do Ministério da Fazenda, que prevê expansão de 2,4% para o PIB este ano. O mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 2,21% em 2025.
A autoridade monetária explicou que a revisão contempla as surpresas ocorridas na atividade no primeiro trimestre, além de uma melhora na perspectiva da produção agrícola.
“No início do segundo trimestre, o mercado de trabalho apresentou aquecimento mais intenso do que o antecipado, reforçando as perspectivas de resiliência do consumo das famílias”, acrescentou.
A autarquia também disse esperar, ainda que com elevado grau de incerteza, que as recentes mudanças nas regras do crédito consignado para trabalhadores do setor privado tenham algum impacto sobre o consumo e o PIB.
Por outro lado, uma previsão de que a economia global terá crescimento menor deve contribuir para que o PIB do Brasil não tenha um crescimento mais forte.
Inflação
Em relação aos dados de inflação, o BC disse que as projeções para o comportamento dos preços tiveram leve queda para 2025 e 2026, mas com expectativas ainda desancoradas, sem melhora nas previsões de mercado para períodos mais longos.
Para o BC, a inflação corrente foi pressionada para cima nos últimos três meses pela atividade mais forte do que o previsto. No sentido oposto, os fatores baixistas foram, principalmente, a valorização do real e a queda do preço do petróleo.
No documento, a autarquia estimou que a chance de a inflação estourar o teto da meta neste ano é de 68%, ligeiramente abaixo dos 70% estimados em março. Para 2026, a probabilidade caiu de 28% para 26%.
A meta contínua de inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Em relação à política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos do ajuste já realizado e avaliar se a manutenção da taxa de 15% ao ano por período bastante prolongado é suficiente para levar a inflação à meta.