07/05/2025 - 18:42
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual (p.p.), o que eleva a Selic a 14,75% ao ano, maior patamar em 18 anos. A Selic esteve nesse patamar pela última vez em 2006.
A decisão foi unânime entre os membros do Copom e veio em linha com a expectativa de mercado.
O Copom destacou em seu comunicado que o cenário é de “elevada incerteza” e deixou em aberto o que fará na reunião de junho, apontando uma dependência da análise de dados até o próximo encontro.
+Copom não garante novas altas na Selic e diz que incerteza ‘demanda cautela’
“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado dinamismo, mas observa-se uma incipiente moderação no crescimento. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”, apontou. Confira o comunicado do BC na íntegra.
A Selic esteve em 14,75% pela última vez em agosto de 2006, em meio a um ciclo de queda da taxa durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Repercussão
“O Brasil enfrenta uma inflação anual de 5,48%, acima da meta de 4,5%, e a decisão visa segurar o avanço dos preços, principalmente em setores que sofrem impacto direto da volatilidade cambial e do aumento dos custos de produção”, apontou Felipe Uchida, Head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.
“Apesar do tom firme, o Banco Central sinalizou que poderá reduzir o ritmo de aperto nas próximas reuniões. Parte do mercado já começa a enxergar a alta de hoje como uma das últimas deste ciclo”, acredita Pablo Spyer, Conselheiro da Ancord.
Na avaliação de Helena Veronese, economista-Chefe B.Side Investimentos, o ciclo de altas na Selic se encerra hoje.
“É importante mencionar, no entanto, que o provável fim do ciclo de alta não significa, em absoluto, que cortes devem acontecer em breve. Ao contrário, o BC manteve sua postura cautelosa e vigilante, reconhecendo que a inflação segue acima da meta e que as expectativas estão desancoradas. Mas, talvez, diante um novo cenário global, exista espaço para encerrar as altas, parar, observar, e mais para frente, então, se preparar para um debate sobre corte de juros”, avalia Veronese.