Nesta quarta-feira, 20, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciam suas decisões sobre os próximos passos das políticas de juros nos Estados Unidos e no Brasil. Por conta dos dois anúncios acontecerem no mesmo dia, a data é chamada pelo mercado financeiro de “super quarta”.

Analistas econômicos questionados por Istoé Dinheiro avaliaram o que esperar das reuniões.

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Atualmente a Selic está em 11,25%. Um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros é dado praticamente como certo pelo mercado, que classifica a operação do BC como em “piloto automático”, ou seja, seguindo o ritmo de cortes de juros nesta e nas demais reuniões.

Vale ressaltar que, na última segunda-feira, 17, o BC divulgou o resultado do seu IBC-Br de janeiro. Lido como uma “prévia” do Produto Interno Bruto (que é calculado pelo IBGE), o índice avançou 0,6%, o que levou alguns bancos a falar em revisão de estimativa para o PIB deste ano, o que por consequência abriria espaço para novos cortes na taxa de juros.

Para o head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, Felipe Uchida, as chances da Selic recuarem a taxa de 10,75% ao ano são de quase 99%.

A avaliação de Uchida é baseada no Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), que é realizada por meio da coleta e tratamento de dados com uso de inteligência artificial. Com isso, segundo o executivo, é possível estimar a probabilidade indicada pelo mercado de alteração para da taxa para as próximas reuniões do Copom.

“Na semana anterior, o mercado indicava uma probabilidade de 98,5%. Vale lembrar que, no dia anterior a última reunião do Copom, este percentual estava em 92,0%”, avalia.

No Brasil, diz Uchida, a expectativa gira em torno do comunicado do Copom, com a possibilidade do BC também manter a indicação do ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.

“A grande dúvida diz respeito à Ata do Copom, que indicará se será mantido o ritmo de cortes de 0,5% ou se ele será reduzido para 0,25% nas próximas reuniões”, comenta o sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos.

Para o analista de renda fixa da Money Wise Research, Ivan Eugênio, a tendência é de que nas próximas reuniões o BC seja mais cauteloso nos cortes.

“O Copom deve reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual. No entanto, embora no acumulado dos 12 meses tenhamos uma deflação, nos últimos 2 meses o IPCA veio acima do projetado pelo mercado, apesar de não inviabilizar o corte da taxa SELIC na presente reunião, pode resultar em um tom mais cauteloso para os movimentos nas próximas reuniões”, prevê.

A decisão do Copom será anunciada no final do dia. Confirmada a expectativa, este será o sexto corte seguido na taxa básica de juros, que começou a recuar em agosto de 2023.

Cautela na decisão sobre os juros nos EUA

Por volta das 15h desta quarta, o Federal Reserve fará seu anúncio sobre a nova taxa de juros básica para o mercado norte-americano. Se antes a perspectiva de analistas era de uma possível queda na taxa, agora a avaliação é mais cautelosa. Atualmente, a taxa está na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano – o maior nível desde 2001.

Para o economista chefe do Banco Master, Paulo Gala, fatores externos podem adiar o início dos cortes para reunião de junho, daqui a três meses.

“O mercado passou analisar se, de fato, poderão ocorrer cortes em junho. A expectativa está muito grande por conta dessa decisão de amanhã, já que o mercado está mais cauteloso”, comenta.

Gala afirma que o mercado ficará atento às sinalizações do Fed, “particularmente em relação aos últimos dados inflacionários, buscando sinais sobre as futuras ações de política monetária”.

O mercado deve conferir se a aposta de junho será ratificada, mas, por precaução, ampliou posições defensivas para uma sinalização de que seja mais adiante.

O quadro de apostas na última terça-feira, 19, estava dividido entre junho e julho. Haverá atenção especial também para o gráfico de pontos, para ver se a estimativas de três reduções de juro em 2024 será mantida ou revisada pelo Fed, diante da persistência da inflação em níveis elevados.