O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu nesta quarta-feira, 30, pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. O órgão, vinculado ao Banco Central (BC), interrompe assim um ciclo de alta iniciado em setembro de 2024.

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A manutenção dos juros era esperada por analistas, já que o próprio Copom havia sinalizado em seu último comunicado que interromperia o aperto monetário “para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado”. A decisão foi unânime entre os membros  do órgão.

“O grande enigma agora é quando começará o ciclo de afrouxamento monetário”, analisa o economista da Droom Investimentos, Luan Cordeiro.

No comunicado, o Copom sinaliza que deverá manter a taxa inalterada na próxima reunião. “O Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o texto.

Na continuação, o órgão não descarta novas altas nos juros. “O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, declara.

Na tarde de hoje, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, também decidiu pela manutenção da taxa de juros. No país, a taxa está fixada na faixa de 4,25% a 4,50%. Em sua decisão, o órgão afirmou que a atividade econômica no país ‘moderou’, demonstrando efeitos dos juros elevados. Assim como ocorre no Brasil, o país busca desacelerar a economia para, assim, interromper um ciclo acelerado de alta da inflação.

Os juros e a inflação

A taxa básica de juros é a ferramenta de política monetária do Banco Central para tentar atingir a meta de inflação, fixada em 3% para o ano de 2024, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo.

Segundo a última edição do Boletim Focus, que reúne a média das previsões do mercado financeiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará o ano em 5,09%, ou seja, fora do intervalo de tolerância da meta. Nos 12 meses até junho, o indicador acumulou alta de 5,35%. Assim, apesar dos esforços do BC, a inflação segue desancorada das metas.

O atual patamar dos juros brasileiros é um dos mais elevados do mundo. Quando chegou a 15% após a última alta promovida pelo Copom, durante reunião realizada nos dias 17 e 18 de junho, a Selic atingiu sua porcentagem mais alta desde o ano de 2006.