O Banco Central do Brasil (BCB) prepara para esta quarta-feira (8) um corte na Selic, que o mercado antecipa em 0,25 ponto percentual, para 10,50%, um ajuste menor que os anteriores implementados no atual ciclo de baixa.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BCB mantém desde terça-feira uma reunião de dois dias, após a qual divulgará sua decisão.

Caso ocorra uma redução, prevista tanto pela própria entidade quanto pelo mercado, será a sétima queda consecutiva da Selic.

A taxa de juros está em 10,75% desde março, quando o comitê ordenou um corte de 0,5 ponto percentual, levando em consideração a continuidade de um processo de “desinflação” no país.

Naquela reunião, o Copom antecipou um movimento “de mesma magnitude” para maio, destacando um cenário global “desafiador”.

O ritmo de reduções foi constante e inalterado desde o início da queda em agosto de 2023 após um forte ajuste, que levou a Selic a 13,75%.

Mas o mercado espera uma moderação.

Entre 118 instituições financeiras e consultorias entrevistadas pelo jornal Valor, 78 previam reajuste de 0,25 ponto percentual na taxa, para 10,50%.

Por outro lado, outras 40 antecipavam uma redução de 0,5 p.p., segundo o jornal.

A possível diminuição do ciclo seria uma má notícia para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde que chegou ao poder tem pressionado por uma redução acelerada para alavancar o crescimento econômico.

Isso porque as taxas elevadas encarecem o crédito e desencorajam o consumo e o investimento, reduzindo assim a pressão sobre os preços.

No nível atual de 10,75%, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking global das maiores taxas de juros reais (que descontam a inflação projetada para 12 meses), atrás apenas do México, segundo o site MoneYou.

De acordo com o presidente, a inflação com a qual o BCB sustenta sua política monetária está controlada, em 3,93 nos 12 meses encerrados em março. Portanto, não justifica o nível alto da Selic.

Segundo a pesquisa Focus do BCB, o aumento dos preços varejistas será de 3,72% ao final deste ano.

O mercado aumentou sua estimativa para a Selic, colocando-a em 9,63% ao final de 2024, ante 9% há um mês, segundo o boletim Focus.

“A resiliência dos preços de serviços e os dados fortes de atividade econômica são um obstáculo para a desaceleração da inflação”, analisou em relatório o economista-chefe do banco digital C6 Bank, Felipe Salles.

Na frente externa, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) condicionou o cenário, ao deixar há poucos dias a sua taxa de referência no intervalo de 5,25% a 5,50%.