O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros nesta quinta-feira, 5, em 25 pontos-base, conforme esperado por analistas do mercado financeiro. O anúncio dá continuidade ao ciclo de relaxamento monetário iniciado pelo BCE em junho do ano passado e marca a oitava redução dos juros básicos da zona do euro desde então.

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O novo corte nos custos dos empréstimos vem dias após dados preliminares mostrarem que a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) do bloco desacelerou para 1,9% em maio, ficando abaixo da meta de 2% do BCE.

O órgão manteve todas as opções na mesa para suas próximas reuniões, mesmo com o aumento dos argumentos a favor de uma pausa em seu ciclo de afrouxamento em meados do ano. No entanto, investidores já estão precificando uma pausa em julho.

Algumas autoridades conservadoras defenderam abertamente uma pausa para dar ao BCE a chance de reavaliar como a incerteza e a turbulência nas políticas internas e externas mudarão as perspectivas.

O ajuste monetário do BCE também ocorre em um momento de incertezas sobre as negociações comerciais entre a União Europeia e os EUA, após o governo Trump suspender tarifas “recíprocas” de 20% sobre importações da região por 90 dias, no começo de abril.

Trajetória de cortes nos juros

O BCE já reduziu os custos dos empréstimos oito vezes, ou em 2 pontos percentuais, desde junho do ano passado, buscando sustentar uma economia da zona do euro que estava enfrentando dificuldades mesmo antes de as políticas econômicas e comerciais erráticas dos Estados Unidos terem causado novos golpes.

Com a inflação agora em linha com sua meta de 2% e o corte bem sinalizado, o foco passou a ser a mensagem do BCE sobre o caminho a seguir, especialmente porque, a 2%, os juros estão agora na faixa “neutra”, em que não estimulam nem desaceleram o crescimento.

“O Conselho do BCE não está se comprometendo previamente com uma trajetória específica para as taxas de juros”, disse o BCE. “As decisões sobre as taxas de juros serão baseadas em sua avaliação das perspectivas de inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.”

O que dizem os defensores da pausa

O argumento a favor de uma pausa baseia-se na premissa de que as perspectivas de curto e médio prazo para o bloco monetário são muito diferentes e podem exigir respostas diferentes.

A inflação pode cair no curto prazo — possivelmente até abaixo da meta do BCE — mas o aumento dos gastos dos governos e as barreiras comerciais mais altas podem aumentar as pressões sobre os preços mais tarde.

A complicação adicional é que a política monetária afeta a economia com uma defasagem de 12 a 18 meses, portanto, o suporte aprovado agora pode estar ajudando um bloco que não precisa mais dele.

No entanto, investidores ainda veem pelo menos mais um corte nos juros ainda este ano e uma pequena chance de outro movimento depois, especialmente se a guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, se intensificar.

Reconhecendo a fraqueza no curto prazo, o BCE reduziu sua projeção de inflação para o próximo ano.

“Uma nova escalada das tensões comerciais nos próximos meses resultaria em crescimento e inflação abaixo das projeções de base”, disse o BCE. “Em contrapartida, se as tensões comerciais forem resolvidas com um resultado benigno, o crescimento e, em menor grau, a inflação, seriam mais altos do que nas projeções básicas.”

Esse crescimento lento, juntamente com os custos mais baixos de energia e um euro forte, vai conter as pressões dos preços.