O Banco Central Europeu (BCE) deve manter seu foco em levar a inflação a 2% no médio prazo, pois isso permite desvios pequenos e temporários em torno de sua meta, disse o chefe do banco central francês, François Villeroy de Galhau, nesta quarta-feira, 30.

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Com a inflação agora quase de volta à meta, autoridades do BCE estão discutindo o grau de flexibilidade que devem ter em torno da meta de 2% e embarcarão em uma revisão no próximo ano que poderá debater esse tópico, entre outros.

“Em uma orientação de médio prazo, um banco central não precisa reagir a desvios pontuais de curto prazo, mas sim responder à dinâmica da inflação que corre o risco de levá-lo para fora da meta”, disse Villeroy em um discurso na London School of Economics.

“Se a inflação estiver acima da meta, mas convergindo em um ritmo suficiente, isso pode não exigir ação”, disse Villeroy.

“Manter a inflação precisamente na meta de 2% o tempo todo não é realista nem necessário.”

O que importa, argumentou Villeroy, não é o nível de desvio de 2% em um determinado momento, mas a tendência e a persistência da provável flutuação.

Várias autoridades já expressaram preocupação com a possibilidade de a inflação ficar abaixo de 2% mais adiante, uma vez que o crescimento é fraco e o BCE está mantendo as taxas de juros elevadas.

Para que a tolerância do BCE funcione, ele deve comunicar claramente o que significa médio prazo e como voltará à meta, argumentou Villeroy.

“Um objetivo de médio prazo muito vago, sem um roteiro claro, é um sinal embaçado que, em última análise, prejudicaria a credibilidade”, disse ele. “A contrapartida dessa flexibilidade é que ela implica uma comunicação clara sobre o horizonte e a trajetória de volta à meta.”