24/03/2023 - 12:30
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e os líderes de vários países da União Europeia (UE) expressaram nesta sexta-feira (24) sua confiança no setor bancário do bloco, na tentativa de acalmar os mercados em um dia de quedas.
A ação do banco alemão Deutsche Bank despencou durante a sessão em mais de 13%, devido ao aumento do custo dos seguros contra o risco de default (CDS) de vários bancos europeus. O Commerzbank recuou 10% na média das operações.
Já os bancos britânicos e franceses perderam entre 6% e 8% durante a sessão.
Em um discurso perante líderes europeus, reunidos para uma cúpula em Bruxelas, Lagarde assegurou que o setor bancário é “resiliente”, segundo uma autoridade da UE.
“O setor bancário da zona do euro é resiliente, porque tem fortes posições de capital e liquidez”, disse Lagarde, segundo a mesma fonte.
Lagarde reiterou que o BCE está “totalmente preparado para fornecer liquidez ao sistema financeiro da zona do euro, se necessário”.
A força do setor bancário europeu, acrescentou, é consequência de ter “aplicado as reformas regulatórias acordadas internacionalmente após a crise financeira global” de 2008.
O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, garantiu, por sua vez, que não há motivos para se preocupar com a solidez do Deutsche Bank.
“O Deutsche Bank modernizou e organizou sua forma de trabalhar. É um banco muito rentável. Não há motivo para preocupação”, disse Scholz ao final da cúpula, que, em seu segundo dia, incluiu uma discussão sobre a situação do setor bancário.
Scholz destacou que as vantagens de “ter regras e regulamentos rígidos há vários anos estão sendo vistas. O sistema bancário é estável na Europa”.
– “Absoluta clareza” –
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que “os fundamentos dos bancos europeus são sólidos. A zona do euro é a região onde os bancos são mais fortes”.
Para o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, “os fundamentos essenciais da rede bancária e a supervisão no bloco nos dão absoluta clareza de que os bancos europeus são muito seguros”.
Rutte destacou “o papel do Banco Central Europeu e de outros envolvidos em garantir que o setor bancário seja bem controlado”.
“Agora vemos como é importante termos tomado tantas medidas”, disse ele.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, destacou que a ação coordenada dos países do bloco tem permitido “reforçar a resiliência do sistema bancário europeu”.
Os líderes da UE iniciaram na quinta-feira uma cúpula de dois dias em Bruxelas, encontro que, nesta sexta-feira, concentrou-se na análise da situação do sistema bancário e financeiro global e dos possíveis riscos no bloco.
A falência do banco americano Silicon Valley Bank (SVB), no início de março, acendeu sinais de alerta em todo o mundo, embora o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, tenha assegurado que não existe “risco significativo” de contágio na UE.
“No momento, não vemos isso como um risco significativo (…). Não acho que haja um risco real de contágio no momento na Europa”, disse Gentiloni há uma semana.