24/07/2025 - 10:37
Cumprindo com o roteiro esperado, o Banco Central Europeu (BCE) manteve, nesta quinta-feira (24), suas taxas de juros inalteradas, após um longo ciclo de cortes e à espera de ver como se desenrola a batalha comercial desencadeada pela política tarifária de Donald Trump.
Após sete reduções consecutivas e oito no total desde junho de 2024, o BCE manteve sua taxa de depósito, que serve como referência, em 2%, frente aos 4% alcançados anteriormente, em plena onda inflacionária, herdada da invasão russa na Ucrânia e da recuperação econômica pós-Covid.
O BCE iniciou na época esses cortes nas taxas para acompanhar o refluxo da inflação no bloco do euro, compartilhado por 20 países.
O aumento nos preços ao consumidor estabilizou-se em torno de 2%, o objetivo estabelecido pelo instituto emissor sediado em Frankfurt.
Mas o panorama agora se vê fragilizado pela ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor altas tarifas sobre as importações de produtos europeus, para corrigir uma balança comercial deficitária para Washington.
Trump surpreendeu o bloco ao anunciar em 12 de julho uma tarifa de 30% sobre todas as importações provenientes da UE a partir de 1º de agosto.
À espera dessa data, as negociações aceleraram, e nesta própria quinta-feira parecia continuar a ser definido um acordo bilateral que ao menos suavize esse muro tarifário. “Está ao alcance da mão”, disse um porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill.
O fortalecimento das barreiras comerciais poderia prejudicar novamente a zona do euro e incitar o BCE a considerar novos cortes nas taxas após o verão, com o objetivo de estimular a economia.
“Nem os dados econômicos nem os últimos dados sobre a dinâmica dos preços exigem uma reação imediata” por parte do BCE, considera Dirk Schumacher, economista-chefe do banco público alemão KfW.
A inflação na zona do euro situou-se em 2% em junho, e os últimos indicadores econômicos mostraram sinais de melhora.
O influente governador do banco central alemão, Joachim Nagel, havia defendido abertamente a manutenção das taxas em seu nível atual, com vistas a uma “reavaliação” da situação na reunião de setembro.
Além da possível escalada no conflito comercial, o fortalecimento do euro em relação ao dólar poderia estimular ainda mais o BCE a continuar reduzindo suas taxas de juros a partir de setembro.
A moeda comum valorizou-se entre abril, quando Trump iniciou sua guerra comercial, e o final de junho, passando de 1,08 para 1,18 dólares por euro.
Para as exportações, um euro forte torna os produtos europeus mais caros no exterior e, portanto, menos competitivos.
Por outro lado, esse fenômeno reduz o custo dos produtos importados, em particular os de petróleo e gás.
O BCE espera, de fato, que a inflação caia para 1,6% em 2026, antes de voltar a cerca de 2% em 2027.