30/01/2025 - 12:00
Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) – O Banco Central Europeu cortou a taxa de juros novamente nesta quinta-feira e manteve a porta aberta para um maior afrouxamento da política monetária, uma vez que os temores com o crescimento econômico da zona do euro superam as preocupações com a inflação persistente.
Esse foi o quinto corte de juros pelo BCE desde junho e os mercados esperam mais duas ou três reduções neste ano, impulsionadas por argumentos de que o maior aumento da inflação em gerações está quase superado e que a economia precisa de alívio.
“Estamos confiantes de que a inflação atingirá nossa meta no decorrer (de 2025) de forma sustentável”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa. A instituição tem como meta uma inflação de 2%.
Ela disse que a decisão, que era esperada pelos mercados e deixou o euro e os rendimentos dos títulos inalterados, foi apoiada de forma unânime pelas autoridades.
Com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçando à região com tarifas, Lagarde reconheceu que maiores atritos comerciais poderiam perturbar as perspectivas de inflação e pesar sobre a economia da zona do euro.
“Os riscos para o crescimento econômico permanecem inclinados para o lado negativo. Um maior atrito no comércio global poderia pesar sobre o crescimento da zona do euro, reduzindo as exportações e enfraquecendo a economia global”, disse Lagarde.
Com a estagnação da economia da zona do euro no último trimestre devido a uma recessão industrial e a um consumo fraco, o BCE deve manter sua trajetória de afrouxamento mesmo depois que o Federal Reserve manteve os juros inalterados e sinalizou uma longa pausa.
É provável que os membros do BCE tenham demonstrado alívio na reunião depois que o novo governo de Trump, não impôs tarifas de importação universais como se temia, embora as ameaças que ele fez tenham lançado uma sombra sobre as perspectivas.
A inflação na zona do euro, que subiu 2,4% em dezembro, ainda pode levar alguns meses para voltar à meta de 2% do BCE, mas há pouco para desafiar a narrativa de que tudo está no caminho certo.
O crescimento dos salários está diminuindo, o mercado de trabalho está se moderando, os preços do petróleo saíram das máximas do início do ano e a firmeza incessante do dólar parece ter parado por enquanto.
É provável que algumas vozes ainda argumentem que a pressão dos custos de serviços continua alta demais, mas esse é mais um argumento a favor do gradualismo do que de uma pausa.