O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou que a instituição tem neste momento “bastante confiança” de que a inflação caminhará para a meta de 2%. Em evento da MNI, porém, ele advertiu que haverá “sobressaltos” nos próximos “seis ou sete” meses, mas acrescentou que, no início de 2025, deve começar a ser visto um quadro mais claro de desinflação continuada, rumo ao objetivo do banco central.

Guindos comentou o fato de que o BCE, em sua reunião anterior, elevou projeções para a inflação, mas ainda assim cortou os juros em 25 pontos-base.

Segundo ele, as alterações das projeções foram “marginais” e não impediam o relaxamento agora, diante do aumento da confiança na trajetória dos preços na zona do euro. Além disso, a política monetária segue em nível restritivo, comentou.

Ao mesmo tempo, Guindos admitiu que o nível de incerteza atual é “elevado”. Segundo ele, há vários riscos geopolíticos, como o quadro na Ucrânia e no Oriente Médio. Nesse contexto, reafirmou a postura de prudência do banco central, dependente dos dados.

Ele disse que a inflação de serviços é “o principal risco” para as perspectivas inflacionárias, neste momento, e acrescentou controlar esse componente é “a parte mais difícil da nossa tarefa”.

Guindos destacou também o fato de que as expectativas de inflação estão bem ancoradas, na meta de 2%, e disse que este é um sinal da confiança no trabalho do BCE.

Regras de Basileia III

O vice-presidente do Banco Central Europeu afirmou também que a instituição está “totalmente a favor da implementação total e leal” das regras de Basileia III para o setor bancário. Durante evento da MNI, ele ainda acrescentou que “temos a situação nos EUA, vamos ver”, em referência ao fato de que ao menos parte das autoridades e agentes do setor do país parecem resistir a adotar as mudanças na sua integralidade, potencialmente alterando algumas de suas diretrizes nessa implementação em solo americano.

As regras de Basileia III foram adotadas em 2010, como parte de um conjunto de iniciativas do Financial Stability Board (FSB) para reforçar o sistema financeiro, na esteira da crise de 2008-2009.