24/05/2013 - 21:00
Para muitos viajantes, fazer turismo só tem sentido se houver escalas demoradas nos melhores templos – de consumo, é claro. Ir a Paris e não gastar um dia inteiro na Galeries Lafayette soa como deixar de visitar o Museu do Louvre. Passear em Nova York sem se perder na Saks é pior do que perder as grandes produções da Broadway. Mas quem tem muito dinheiro não gosta de ser atropelado por turistas consumistas em busca de pechinchas. Quer ter exclusividade até mesmo na hora de escolher suas grifes de luxo em grandes lojas. Pensando nesse público, agências de viagem, hotéis e lojas de departamento criaram serviços que deixam os cartões de crédito eufóricos dentro das bolsas.
A própria Lafayete oferece o La Suite, um gigantesco quarto-closet de 400 m² onde a cliente tem todas as melhores marcas da loja ao alcance das mãos e muito longe das hordas de turistas asiáticos que entopem o lugar diariamente. O La Suite é para quem não quer enfrentar fila na hora de pagar, que aliás, em tempo de emergentes com bolso farto, tem se formado do lado de fora da galeria. O preço por esse luxo é de € 250, ou seja, cerca de R$ 700, para se ter duas horas de deleite e encher as sacolas. Mas os mimos incluídos na tarifa compensam. O lugar é todo decorado com obras de arte escolhidas pelo galerista Emmanuel Perrotin, e tem um terraço com vista panorâmica da cidade.
No La Suite, da Galeries Lafayette, em Paris, só não se pode pernoitar: ? 250 para poder comprar as melhores marcas da loja
É preciso marcar a visita com antecedência e, chegando lá, um time de consultores de estilo recebe o cliente com chocolates Jean Paul Hévin, pâtisseries Pierre Hermé, chás Mariage Frères ou um expresso italiano Illy. É possível almoçar ou jantar no local, com um menu-gourmet harmonizado com os melhores champanhes franceses, claro. Tudo servido em louças Baccarat e talheres Christofle. Enquanto o cliente gasta dinheiro, um concierge pode, se solicitado, criar um roteiro de passeios que inclui visitas a parques e sessões de massagem. No final, o visitante ainda leva para casa uma lista com todas as suas aquisições e dicas de como e quando usar tudo aquilo.
Nova York também tem sua opção para quem está disposto a renovar o guarda-roupa. O hotel The Mark, no Upper East Side, o preferido do ator Russell Crowe e do estilista Marc Jacobs, anunciou este mês uma parceria com a tradicional loja de departamentos de luxo Bergdorf Goodman. Qualquer hóspede do The Mark pode contar com os serviços de um personal shoper da Goodman, além de ter acesso à loja 24h por dia, sete dias por semana. “Nossos hóspedes adoram passear pela Madison fazendo paradas na Bergdorf Goodman, Sack’s ou Barney’s e já costumam pedir por personal shoppers”, diz Isabelle Hogan, concierge-chefe do The Mark Hotel. “Tanto nós quanto a Bergdorf queremos oferecer o melhor serviço possível para nossos clientes, por isso criamos essa parceria.”
No hotel The Mark, em Nova York, o hóspede tem a loja de departamentos
Bergdorf Goodman aberta só para si
Isso significa que, se bater aquela vontadezinha de comprar sapatos em plena madrugada de sábado, e o horário tiver sido agendado, dá para ir até a Bergdorf Goodman às 4h da manhã, abrir a loja e saciar o desejo. Ou o próprio Todd Okerstrom, chefe da área de personal shopping da Bergdorf, pode enviar algumas opções do calçado à suíte para o hóspede escolher. E tudo isso sem pagar um centavo a mais na diária. Que tal? Mas há quem prefira sair do Brasil com essa agenda de compras alinhada. Para estes, a agênciaCanadá Turismo, de Valinhos, no interior de São Paulo, criou um pacote de seis dias entre Londres e Milão, com estadia em hotéis premium, só para quem gosta de bater perna em lojas de grife.
Mala cheia: emergentes aproveitam crise na economia
mundial para comprar no Exterior
Contratado o serviço, o cliente, então, pode baixar um aplicativo exclusivo e personalizado com todos os detalhes da viagem. O roteiro é criado e acompanhado por dois consultores da agência Essence London, quelevam o turista à famosa Via Manzoni, na cidade milanesa, ou à loja Harrod’s, na capital inglesa, por exemplo. “Quem opta por esse tipo de viagem não quer apenas se vestir bem, mas também uma atenção diferenciada e exclusiva”, afirma Fabiano Camargo, gerente-comercial da empresa. “Eles procuram coisas exclusivas o tempo todo. Afinal, não querem ter uma bolsa de US$ 10 mil que todo mundo tem igual!” Para obter esse mapa da mina do consumo, basta desembolsar R$ 45,5 mil, com direito a acompanhante – mas sem direito à pechincha.