Nunca o trinômio taco, bolinha e grama verde estiveram tão em alta no mundo dos pós compactos e protetores labiais. As jogadoras de golfe têm lutado bravamente por um lugar ao sol e ao vento, no green — como é chamado o campo da modalidade —, e têm feito mais que marola. A boa notícia é que, no Brasil, as representantes do “sexo frágil” estão à frente dos homens, entre os profissionais. “As nossas golfistas ranqueiam e ganham dinheiro desde 2008, enquanto os homens começaram a se destacar neste ano”, diz Paulo Pacheco, vice-presidente de marketing da Confederação Brasileira de Golfe (CBG). 

Nomes como Priscila Iida e Victoria Lovelady, ambas paulistas, são figurinhas carimbadas nos campeonatos internacionais. Priscila já jogou no circuito japonês e Victoria costuma disputar partidas do circuito americano, dominado pelas feras Cristie Kerr, terceira do ranking mundial feminino e a primeira dos Estados Unidos, e Michelle Wie, uma grande promessa havaiana do esporte, que foi considerada uma Tiger Woods de shortinho, quando, aos 10 anos, conseguiu entrar para o circuito amador. O Brasil já tem até uma veterana, a gaúcha Luciana Bemvenuti, que hoje só faz jogos de exibição.

 

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Uma prova do bom momento do golfe feminino no Brasil é que, há três anos, é realizada, no Rio de Janeiro, uma etapa do mais importante torneio mundial do esporte: o Ladies Profesional Golf Association (LPGA) Tour. Para comparar, o País não recebe nenhum evento oficial da modalidade na categoria masculina. “A prática do esporte é uma tendência no universo feminino”, diz Pacheco, da CBG. Ele acredita que o golfe caiu no gosto feminino por conta de um motivo muito apreciado pelo clube das Luluzinhas: “A harmonização que promove entre o físico e o intelecto”. 

 

Maria Fernanda La Regina, diretora de marketing do HSBC Brasil, concorda com Pacheco e acrescenta mais um motivo. “A modalidade privilegia mais o social, do que a performance”, diz, referindo-se ao golfe amador. Adepta da modalidade, ela tem aulas duas vezes por semana. “A democracia da atividade também permite juntar, num mesmo jogo, pessoas com handicaps diferenciados”, diz. “Por exemplo, sou iniciante e jogo com meu marido e meu filho.” A longevidade dos praticantes do esporte também é um quesito forte que ajuda a conquistar as garotas de todas as idades. “Minha sogra tem quase 70 anos e ainda joga”, diz a executiva do HSBC. 

 

Considerando a vida estafante que as mulheres levam, com jornadas duplas e triplas diárias, outro ponto positivo do golfe é o fato de ser extremamente relaxante. “Entre as tacadas, as pessoas conversam e se conhecem melhor”, afirma Maria Fernanda. Cada partida tem duração mínima de quatro horas, tempo suficiente para as pessoas conhecerem melhor umas às outras, bem como suas preferências. “Por isso a modalidade é tão usada para fechar negócios”, diz Maria Fernanda. Não por acaso, o HSBC, que patrocinou o LPGA do Rio, irá investir R$ 18 milhões em programas e eventos ligados ao golfe, no Brasil, até 2016, quando o golfe voltará a ser disputado numa Olimpíada. 

 

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A sócia-diretora do laboratório Sabin, de Brasília, Sandra Soares Costa, jogadora amadora, confirma esses benefícios. “Por ser uma mulher ansiosa, o golfe foi uma maneira de controlar meu equilíbrio interno”, diz ela. “Além disso, a atividade deu-me condições bem interessantes de network. Sem contar que ficamos mais elegantes ao jogarmos.” A beleza da americana Cristie Kerr, de 33 anos, e terceira do ranking mundial, e da norueguesa Suzann Pettersen, de 30 anos e quinta melhor golfista do mundo, que estiveram participando da etapa carioca da LPGA, também mostra que as tacadas aceitam a beleza e a delicadeza das mulheres como suas parceiras. 

 

Preocupadas com o físico, elas procuram fazer uma dieta balanceada com carboidratos, legumes e frutas, durante os treinos, e se dedicam de corpo e alma a atividades aeróbicas de alta e média intensidade. “Sinto-me magra e confiante como golfista”, diz Cristie. Suzann revela o segredo da pele lisinha das duas: “Usamos litros de filtro solar”, brinca a jogadora, que não dispensa uma maquiagem nos dias de competição.