A cidade de Belém, que sedia da Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima, a COP30, foi responsável por 0,5% das emissões de carbono do Estado do Pará, que somou 277,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2024, segundo dados do próprio governo estadual enviados ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

As emissões do Estado estão divididas assim:

•Mudança de Uso da Terra e Floresta: 74,01%;

•Agropecuária: 19,85%;

•Energia: 4,43%;

•Resíduos: 1,27%;

•Processos Industriais: 0,45%.

As duas principais causas de emissões de carbono no Estado anfitrião da COP30 são o desmatamento e o agronegócio, sobre isso, o governo afirmou que tem concentrado os esforços nesses dois pontos.

“As políticas públicas do governo estão focadas em reduzir o desmatamento, recuperar áreas degradadas, incentivar a bioeconomia e promover uma produção agropecuária mais sustentável, pois é aqui que está o principal desafio e também a maior oportunidade de transformação”, disse a Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) à reportagem.

Mesmo que os setores de energia e resíduos não sejam tão relevantes no Estado, na capital paraense são os principais gargalos. Embora a COP30 tenha servido de impulso, menos de 20% da população da capital paraense tem acesso à rede de esgoto.

Desde 1º de setembro, a Águas do Pará, controlada pela Aegea, opera o saneamento em Belém, Ananindeua e Marituba.

A concessão foi antecipada em alguns meses para promover melhorias diante do aumento da demanda durante a COP30. Enquanto isso, ainda é comum identificar vazamentos de esgoto pelas ruas da cidade, mesmo em regiões mais nobres.

Belém é a quarta pior colocada entre as 27 capitais brasileiras no Ranking do Saneamento 2025, elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados. Apenas Rio Branco (AC), Macapá (AP) e Porto Velho (RO) têm desempenho inferior.

O resultado da capital paraense é impactado principalmente pelo esgoto, cuja cobertura é de 19,88%, segundo o edital de concessão. No abastecimento de água, porém, o índice é mais alto, chegando a cerca de 95%.

“O objetivo é que a COP30 deixe um legado positivo e, mais do que neutralizar as emissões da conferência, a ideia é impulsionar mudanças permanentes no uso dos recursos do solo e da floresta e na forma como o mundo encara o desenvolvimento sustentável a partir da floresta Amazônica”, completou a Semas.

Certificação e redução

Na sexta-feira, 14, o Governo do Pará iniciou a certificação internacional de redução de emissões de carbono. Este entregou ao padrão internacional ART Trees, o Documento de Registro (TRD) e o Relatório de Monitoramento (TMR), que comprovam a redução de 38 milhões de toneladas de CO2 no ano de 2023.

Ao formalizar a entrega dos documentos, o governador Helder Barbalho disse que o Estado chega à certificação com resultados mensuráveis no combate ao desmatamento. “Estamos apresentando ao mundo resultados reais de redução de emissões e a capacidade de chegar rapidamente a mais de 300 milhões de toneladas de CO2 evitadas. Esse processo reforça a credibilidade da nossa operação, envia uma mensagem clara ao mercado e demonstra que o Pará está preparado para liderar um programa de carbono de alta integridade”, afirmou.

Com 86 milhões de hectares de florestas, o Pará representa 17,7% da cobertura florestal brasileira. Em 2023, foram evitadas 38 milhões de toneladas de CO2 em comparação à média histórica do período 2018-2022. A projeção do governo estadual para o ciclo 2023-2027 é de aproximadamente 260 milhões de toneladas de emissões reduzidas ou evitadas.