A polícia belga realizou, nesta quinta-feira, uma ampla operação antiterrorista para neutralizar um grupo de pessoas que voltou da Síria e estaria se preparando para cometer um “atentado de envergadura” – declarou a Procuradoria Federal, acrescentando que dois supostos jihadistas foram mortos.

“Cerca de dez buscas foram realizadas em Verviers, no leste de Bélgica, onde os dois jihadistas foram mortos, mas também em Bruxelas e em Vilvorde, no subúrbio da capital”, anunciou um dos substitutos do procurador, Eric Van der Sijpt.

De acordo com outro substituto, Thierry Werts, “essa célula operacional era composta por cerca de dez pessoas, das quais algumas voltavam da Síria”.

“Eles estavam prestes a cometer, de maneira iminente, um atentado de envergadura na Bélgica”, completou Werts.

Já Der Sijpt esclareceu que “nenhum vínculo foi estabelecido até o momento entre a operação jihadista na Bélgica e os atentados em Paris”.

De acordo com a imprensa belga, citando fontes judiciárias, a investigação foi aberta antes do ataque contra o jornal francês “Charlie Hebdo”, em 7 de janeiro passado.

A Procuradoria disse que uma pessoa foi detida, mas não confirmou as informações da imprensa local de que a polícia estaria em busca de suspeitos que conseguiram fugir.

Na operação de Verviers, iniciada às 18h (15h de Brasília), os suspeitos “abriram fogo imediatamente, durante vários minutos, com fuzis de assalto Kalashnikov, contra a polícia nacional, e foram neutralizados”, acrescentou Thierry Werts.

“Um terceiro elemento foi interceptado no local”, relatou, afirmando que “mesmo feridos no chão, eles continuaram a atirar”.

A operação em Verviers foi realizada em uma antiga padaria pela polícia antiterrorista.

Testemunhas relataram ter ouvido explosões na operação. Werts atribuiu essas deflagrações à polícia e garantiu que nenhum policial, ou civil, ficou ferido.

Segundo Werts, “a ameaça era contra os serviços de polícia”.

O nível de alerta foi elevado para três, em uma escala que vai até quatro, para as delegacias e os tribunais em toda a Bélgica.

A Procuradoria nacional anunciou uma nova coletiva de imprensa para esta sexta-feira, às 11h00 local (08H00 de Brasília).

Em entrevista à RTBF, a ex-ministra do Interior belga Laurette Onkelinx declarou que “se evitou um banho de sangue”.

Segundo testemunhas, vários disparos e explosões foram ouvidos no centro da cidade, por volta das 18h (15h de Brasília), no bairro da estação de trens.

A polícia bloqueou a circulação no bairro, e os moradores foram retirados.

“Vi um carro da polícia passar por todos os sinais vermelhos, na minha frente, e ouvi três grandes detonações seguidas de tiros”, relatou uma testemunha.

“Um homem todo vestido de azul-escuro com capuz nos empurrou para trás. Nós começamos a correr, e ouvimos uma grande explosão e rajadas, seguidas de outras explosões”, contou uma mulher à RTL-TVI.

Outro morador relatou ter ouvido “disparos de metralhadoras por dez minutos”.

Verviers é considerada, assim como alguns subúrbios de Bruxelas, um dos redutos da radicalização islâmica no país. Segundo fontes, entre seis e dez jovens da cidade teriam partido para se juntar a grupos extremistas na Síria nos últimos meses.

Além disso, ameaças foram proferidas por jihadistas belgas nas últimas horas na Internet.

Em outro incidente em paralelo, desta vez em Bruxelas, segundo a RTL, um homem armado teria lançado ameaças no metrô da cidade. O periódico “Le Soir” noticiou que o indivíduo foi preso.

Enquanto isso, a Justiça belga procura determinar se existem ligações entre Amedy Coulibaly, um dos três autores dos atentados de Paris, e um suposto traficante de armas residente na Bélgica, segundo a Procuradoria nacional.