24/11/2025 - 20:11
Estudo com pacientes que interromperam tratamento com tirzepatida mostra que eles não só tendem a engordar de novo como também a sofrer piora nos índices cardiometabólicos.Pacientes que interrompem o uso do Mounjaro – medicamento injetável usado contra a diabetes de tipo 2 e que se popularizou por sua eficácia na perda de peso – e voltam a engordar perdem benefícios à saúde conquistados com o tratamento, revela um novo estudo publicado nesta segunda-feira (24/11).
A pesquisa – que contou com a participação de especialistas da farmacêutica dona do Mounjaro, a Eli Lilly –, realizada com 308 pessoas, constatou que aqueles que recuperaram 25% ou mais do peso perdido após 36 semanas de tratamento perderam também os benefícios à saúde inicialmente conquistados, como redução da circunferência da cintura, melhora na pressão sanguínea e nos índices glicêmicos e de colesterol, bem como de resistência à insulina.
A regressão no quadro clínico dos pacientes foi pior quanto mais quilos eles recuperaram do antigo peso. Dentre os 308 pacientes que participaram do estudo, 77 recuperaram de 25% a 50% do peso perdido após 52 semanas sem usar o Mounjaro; em 103, o ganho foi de 50% a 75%; em 74, acima de 75%.
Neste último grupo, dos que retomaram mais de 75% do peso antigo, os parâmetros cardiometabólicos voltaram ao mesmo ponto do início do tratamento.
Mudança de estilo de vida é importante
O princípio ativo do Mounjaro, a tirzepatida, pode ajudar pessoas a perder em média 20% de seu peso corporal em 72 semanas de tratamento – mais que outros tratamentos similares disponíveis, como Wegovy e Ozempic .
Porém, outras pesquisas já constataram que o peso perdido geralmente tende a ser recuperado passados alguns meses após a suspensão do medicamento – a um ritmo muito mais acelerado do que no caso de pessoas que emagrecem apenas com dietas, exercícios e mudanças no estilo de vida.
Os autores do estudo publicado nesta segunda-feira afirmam que as conclusões “reforçam a importância da manutenção da redução do peso a longo prazo através de intervenções no estilo de vida e medicamentos para gerenciamento da obesidade, de modo a manter os benefícios cardiometabólicos e uma melhor qualidade de vida”.
Ao jornal britânico The Guardian, Jane Ogden, professor emérito da escola de ciências da saúde da Universidade de Surrey, ressaltou que o uso de medicamentos injetáveis para perda de peso nem sempre vem acompanhado de mudanças no estilo de vida e na dieta.
Segundo ela, a manutenção de velhos hábitos prejudiciais à saúde pode levar ao ganho de peso e, consequentemente, à reversão de benefícios cardíacos.
Outro estudo publicado recentemente na revista Nature aponta que o uso da tirzepatida consegue acalmar o desejo incessante por comida, mas só temporariamente.
ra (ots)
