13/03/2015 - 18:57
Tão adorado quanto odiado, Benjamin Netanyahu personifica o poder em Israel de tal forma que as eleições legislativas da próxima terça-feira (17) quase se converteram em um plebiscito sobre a figura do atual primeiro-ministro.
“Qualquer um, menos Bibi (apelido de Netanyahu)”, este é o lema não-oficial que unifica seus adversários. Diante deles, o slogan do atual primeiro-ministro seria algo parecido com “Eu ou os outros”.
Milhares de jovens voluntários realizam uma megacampanha financiada por milionários a fim de mobilizar os eleitores de esquerda e os de direita que continuam indecisos a não votar em Netanyahu. Enquanto isso, 200 ex-generais, condecorados como heróis de guerra, têm fortalecido um lobby anti-Netanyahu, por considerá-lo um perigo à segurança de Israel.
Ele foi o mais jovem primeiro-ministro a assumir o posto em Israel, de 1996 a 1999, e desde 2009, quando retornou ao cargo. Se for eleito mais uma vez, Netanyahu, de 65 anos, completará uma década no poder.
O primeiro-ministro se converteu em uma figura com tal relevância no cenário político israelense nos últimos 25 anos, que o jornal de centro-esquerda “Haaretz” tem tentado “imaginar a vida sem Netanyahu”.
“Quando Israel não puder mais contar com Bibi, certamente haverá momentos em que se lamentará não existir um líder de alcance internacional, reconhecido mundialmente e que -gostemos ou não- faz com que o mundo preste atenção quando fala sobre o Irã ou qualquer outro assunto”, conforme publicado em editorial.
Entre as últimas intervenções controvertidas, figura a do dia três de março, no Congresso dos EUA, quando discursou em tom de desafio ao próprio presidente Barack Obama. A ida dele a Washington se deveu à ferrenha oposição que faz contra qualquer possível acordo sobre o programa nuclear iraniano.
Ou, então, suas declarações após os atentados em Paris e Copenhague, ao convocar todos os judeus europeus a emigrar para Israel.
Netanyahu se sente, sem variações, “o representante de todo o povo judeu” e reivindica que Israel é “o Estado-Nação” desse povo.
O avanço incessante da colonização na Cisjordânia ao longo de seu mandato, a última guerra de Gaza, em 2014, e o fracasso em mais uma tentativa para chegar a um acordo de paz marcaram sua relação com os palestinos.
Benjamin Netanyahu é neto de rabino e filho de um historiador ultrassionista. Ex-combatente das forças especiais ferido no campo de batalha, ficou marcado com a morte de seu irmão Ionathan, durante operação de resgate de civis israelenses sequestrados por um grupo pró-palestino, em Uganda, no ano de 1976. Por tudo isso, o primeiro-ministro não diminui o enfrentamento ao “terrorismo internacional” e o “extremismo islâmico”, se bem que, atualmente, tem-se dedicado especialmente ao Irã.
A última iniciativa – em relação ao Irã – tem contribuído para dificultar ainda mais as relações com Obama: como em poucas ocasiões, os líderes israelense e dos Estados Unidos passaram por momentos tão ou mais baixos.
Sob o governo deste liberal, a economia israelense se encontra relativamente bem, e mesmo assim muitas são as pessoas que criticam o aumento das desigualdades no país.
Na avaliação do trabalhista Isaac Herzog, concorrente ao principal posto no Poder Executivo israelense, “Netanyahu está invoca o medo. Nunca tivemos um primeiro-ministro que aterrorizasse o país de tal maneira”.
A dissolução da coalizão de governo é seu último desafio, mas somente as eleições dirão se, em meio ao atual cenário, o primeiro-ministro realmente ganhou ou perdeu.
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