A vitrine da loja localizada no número 784, da rua Colômbia, no bairro do Jardim América, em São Paulo, ainda está vazia. Mas, por incrível que pareça, tem chamado mais atenção do que as lojas das concessionárias da Jaguar, da Ferrari e da Maserati, bem próximas dali. O lugar, ainda cercado de mistério, será o palco do lançamento de uma das marcas de carro mais cultuadas de todos os tempos: a inglesa Bentley, que começará a operar oficialmente no Brasil na quinta-feira 18.
 

112.jpg
 

 

Subsidiária do grupo Volkswagen, gigante com faturamento de 105,2 bilhões de euros em 2009, a Bentley é uma das marcas mais tradicionais do mundo e suas vendas são proporcionais à sua exclusividade. Com quatro mil funcionários, a empresa comercializou 4.616 carros, em 2009, e preserva seu feitio artesanal até hoje.

Para se ter ideia, o Continental GT, cupê de duas portas que atinge 320 km/h e será vendido no País, leva cerca de 150 horas para ficar pronto, enquanto um carro popular leva, em média, 17 horas para ser produzido. ?Entrar no Brasil é uma grande oportunidade para nós?, disse à DINHEIRO Christophe George, presidente da Bentley Motors para as Américas. ?Sabemos que há uma clientela de futuro, que o Brasil é um mercado importante e temos de estar presentes.?

111.jpg

 

Todos os modelos da grife podem ser personalizados e existem 51 opções de tons para o exterior do veículo, sete opções de madeira, mais de 12 tipos de rodas e 18 cores internas. Isso torna seus carros únicos, transformando-os em objetos de desejo. ?Já no primeiro ano, esperamos vender de 20 a 25 carros?, diz George.

Quem está trazendo a marca para o Brasil ? e a representa na América Latina ?, como DINHEIRO antecipou na edição 615, é um grupo de empresários formado por Antonio João Abdalla Filho, mais conhecido como Toninho Abdalla, Carlos Roberto Franco de Mattos Junior, Joseph Michel Tutundjian e Mauro Saddi.

?Já temos uma lista de espera de dez pessoas e quem pedir a partir de agora deve esperar cerca de quatro meses para levar seu Bentley para casa?, conta Toninho Abdalla. ?Vamos observar o mercado por pelo menos dois anos para depois pensar em outras praças. Quem sabe Curitiba, talvez Brasília, Rio de Janeiro…?, pondera.

A nova estratégia dessa grife de automóveis, fundada na Inglaterra em 1919 por Walter Owen Bentley e que sempre se destacou por seu desempenho e velocidade, tem sido a produção de carros ecológicos. Seu último lançamento, o Continental Supersports (que chega ao Brasil em junho), apresenta tecnologia flexfuel, que aceita etanol e gasolina como combustíveis.

?O momento em que a Bentley chega por aqui é perfeito para a marca, pois o Brasil é uma potência mundial tanto na produção de etanol como no desenvolvimento da tecnologia para carros flex?, explica Marcos Amatucci, coordenador do mestrado em gestão internacional da ESPM. ?Colar sua imagem à do Brasil é como dizer: nossa tecnologia é tão boa que nossos carros rodam no país campeão em tecnologia flex. Somos uma vitrine para eles. Ao mesmo tempo, para o País também é benéfica essa associação. Significa que nosso etanol é tão bom que serve até para abastecer carros da Bentley.?

 

113.jpg
“Entrar no Brasil é uma grande oportunidade”


ENTREVISTA: CHRISTOPHE GEORGE

Os principais trechos da entrevista de Christophe George, presidente da Bentley, à DINHEIRO

Quais os planos da Bentley no País?
O Brasil tem uma economia crescente e certamente vai satisfazer nossas expectativas. Será o primeiro show-room da Bentley na América do Sul. Na verdade, será o primeiro país abaixo do México que vai receber nossos produtos e estamos muito otimistas. O Brasil está na rota principal de nossos negócios.

Quantos carros serão vendidos no primeiro ano de operação?
Esperamos comercializar de 20 a 25 carros.

Qual a estratégia da marca atualmente?
No momento, focamos em reduzir a emissão de poluentes e na tecnologia flex. Nosso carro verde (o Continental Supersports) reduz as emissões em 40%. Nossa estratégia para o futuro é a de que todos os carros tenham compatibilidade com o biocombustível.

Como é o desafio de vender produtos tão caros no Brasil?
Não é desafio, é uma oportunidade para nós. Sabemos que há uma clientela no Brasil e, sobretudo, uma clientela de futuro. Em resumo, é um mercado importante e temos que estar presentes.