O diretor italiano Bernardo Bertolucci morreu nesta segunda-feira, em Roma, aos 77 anos, após uma carreira repleta de obras-primas, como o erótico “Último Tango em Paris” e o drama épico “1900”.

Bertolucci, considerado um mestre do cinema italiano e mundial, saiu consagrado da cerimônia do Oscar em 1988, quando “O Último Imperador”, sobre o último imperador da China, recebeu nove estatuetas, incluindo melhor filme, diretor e roteiro adaptado.

“Bertolucci nos deixou hoje às 7H00”, informou sua assessoria de imprensa, sem revelar as cauas da morte. A imprensa italiana informou que ele tinha câncer.

Diretor do drama histórico “1900”, um clássico em seu país, Bertolucci também conheceu a polêmica com “Último Tango em Paris”, rodada em 1972 na capital francesa.

O filme, que foi proibido na Itália, inclui uma polêmica cena de sexo entre a lenda do cinema Marlon Brando, em um de seus últimos grandes papéis, e Maria Schneider.

Schneider, que tinha 19 anos, ficou profundamente abalada pela cena que simulava sodomia, já que não havia sido plenamente informada antes das filmagens.

– Do escândalo ao Oscar –

Bertolucci foi um dos poucos cineastas italianos a dirigir filmes no exterior com frequência.

Ele dirigiu “Os Sonhadores” (2003) em Paris, “O Último Imperador” na China, o “O Céu que nos Protege” na África e o “O Pequeno Buda” no Butão”.

Nascido 16 de março de 1941 em Parma, cidade rica do nordeste da Itália, Bertolucci percorreu em “1900” (1976) a história da luta de classe no rico vale do Po através do destino de dois amigos de infância no início do século XX.

O filme tem um grande elenco internacional (Robert De Niro, Gérard Depardieu, Burt Lancaster, Dominique Sanda).

Outro exemplo de cinema político é o longa-metragem “O Conformista”, sobre a esquerda no período do fascismo italiano.

O cineasta, que utilizou uma cadeira de rodas nos últimos anos, cresceu em um ambiente rico e intelectual e iniciou sua paixão pelo cinema com o filme “La Dolce Vita” de Federico Fellini.

Seu pai, poeta, professor de Histporia e crítico de cinema, o presenteou com sua primeira câmera 16mm aos 15 anos.

A consagração por parte da indústria veio com “O Último Imperador”, rodado em 1987, vencedor de nove Oscar, incluindo melhor filme e melhor diretor.

Além de cineasta, também foi um dos roteiristas do famoso filme “Era uma Vez no Oeste”, do diretor italiano Sergio Leone”.

– “Último imperador do cinema” –

“Era o último imperador do cinema, o senhor de todas as epopeias e escapadas. Acabou a festa: duas pessoas são necessárias para dançar o tango”, declarou nesta segunda-feira à AFP Gilles Jacob, ex-presidente do Festival de Cannes, que concedeu uma Palma de Ouro honorária em 2011 ao italiano pelo conjunto de sua obra.

“Vamos recordar dele como um dos grandes do cinema italiano e mundial”, afirmou o presidente da Mostra da Veneza, Paolo Baratta, ao recordar que Bertolucci presidiu por duas vezes o júri do festival, em 1983 e 2013.

A Mostra também prestou uma homenagem em 2007 com um Leão de Ouro pelo conjuto de sua obra.

Em uma entrevista à AFP em 2013, ele afirmou de maneira modesta que provavelmente passaria à história como um diretor que “descobria jovens atrizes”, depois de escalar em seus filmes intérpretes como Dominique Sanda, Maria Schneider, Liv Tyler e Eva Green.