Você pagaria R$ 1.000 por uma caneta BIC? Calma, não estamos falando do tradicional modelo Cristal, com corpo transparente e tampa de plástico, mas de uma peça banhada em ouro 18 quilates. Puro luxo. Essa é a mais nova aposta da gigante francesa, líder mundial no setor de papelaria, com faturamento de US$ 1,3 bilhão e presença em 150 países. A linha ? composta por 48 modelos, que vão do corpo de ouro aos detalhes de diamantes ? veio para dar certo glamour à marca. Ou como preferem os executivos da companhia no Brasil, veio com força para brigar num importante nicho de mercado: ?Chegamos para competir com a Montblanc?, diz Edgar Hernandez, presidente da BIC no Brasil.

Canetas da
linha “Premium” chegam a custar R$ 1 mil

O projeto começou a ser desenhado em 1997, quando a BIC comprou a americana Sheaffer, especializada em canetas requintadas. Só agora os produtos chegam com força aos pontos de venda brasileiros. ?Tivemos que renovar toda a coleção, começar do zero?, conta Hernandez. A linha ganhou contornos modernos. Para acompanhar a evolução das canetas, até os vendedores tiveram que se atualizar. Estão passando por um treinamento, uma verdadeira aula sobre os atributos de cada uma das canetas de luxo, que custam em média R$ 600. As etiquetas
que acompanham as canetas deixam claro que o objetivo não é o consumo em massa. O que a empresa pretende é conquistar status. Enquanto isso, é a boa e velha BIC Cristal que paga as contas da companhia. A mais popular das canetas, criada há 50 anos e
vendida em qualquer padaria por 50 centavos, ainda é o carro-chefe. No mundo todo, vende 15 milhões de unidades ao dia. E por aqui representa grande parte dos R$ 194 milhões que a empresa fatura anualmente.

Mesmo com os números a seu favor, a BIC não está satisfeita com a liderança no setor de papelaria. E vem escrevendo sua marca na embalagem de outros produtos. Um dos mais recentes sucessos da companhia pode ser medido no mercado de barbeadores. No último ano, sua participação nesta área cresceu 20%. Os aparelhos da marca BIC começaram a disputar espaço com a líder Gillette. ?Sabemos lidar com a concorrência. O difícil é competir com a pirataria?, diz Hernandez. O executivo se refere às perdas com a cópia de outra importante fonte de receita, os isqueiros. Em 2001, a BIC deixou de vender 24 milhões de unidades, somente em função da venda paralela. ?Praticamente todos os nossos produtos são copiados e vendidos ilegalmente?, diz Fontes. Nem mesmo as canetas de luxo conseguem escapar desta sina.