07/11/2024 - 10:06
O contraventor Rogério de Andrade será transferido para o presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. Andrade está preso desde o dia 29 de outubro na penitenciária de segurança máxima Laércio Pellegrino, no Complexo de Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.
A ida do contraventor para o presídio federal foi confirmada na quarta-feira, 6, pelo Tribunal de Justiça do Rio, que vinha negociando a transferência com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça.
A unidade é uma das cinco penitenciárias federais de segurança máxima do país e já abrigou outros presos famosos, dentre eles, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que ficou no local de 2019 até o início deste ano, quando foi transferido para outro presídio de segurança máxima.
Por medida de segurança, a data da transferência de Andrade é mantida em sigilo. Nesses casos, cabe a Polícia Federal organizar e executar a transferência ao presídio federal.
Celas de 6 m² sem tomadas elétricas
Criados a partir de 2006, os presídios federais têm como objetivo isolar as lideranças e presos de alta periculosidade e, dessa forma, combater o crime organizado.
Distribuídas em diferentes regiões do país, as penitenciárias federais estão em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN) e Brasília (DF).
A distribuição faz parte da estratégia de desarticular e dificultar possíveis comunicações entre organizações criminosas.
Os detentos ficam presos em celas de 6 m², sem companhia e com apenas cama, sanitário, pia, chuveiro mesa e assento no ambiente.
Visitas, sejam de familiares, amigos ou advogados, são permitidas apenas por parlatório ou videoconferência.
Não há, de acordo com a Secretaria Nacional de Políticas Penais, tomadas elétricas e a energia do chuveiro e das lâmpadas são ativadas e desativadas em horários determinados.
Os presídios federais padronizam os protocolos de segurança nas unidades, ou seja, todas seguem os mesmos critérios de fiscalização diária. Entre os principais pontos estão:
– Preso ser revistado todas as vezes que deixa seu dormitório;
– A cela é revistada todas as vezes em que ele se retira;
– O preso permanece algemado quando está em deslocamento pelo estabelecimento;
– O preso não tem acesso a meios de comunicação externos;
– Os procedimentos bem como os deslocamentos com o preso são realizados por, pelo menos, dois agentes;
– Os procedimentos e toda a rotina da cadeia são monitorados por circuito interno de câmeras;
– Agentes de inteligência da penitenciária federal monitoram o circuito de câmeras por meio de uma espécie de “Big Brother”. As imagens capturadas são transmitidas ao vivo para a sede da Senappen em Brasília, onde outra equipe de inteligência também acompanha a rotina das cinco penitenciárias.
Estão incluídos na rotina do preso ainda seis refeições e duas horas de banho de sol por dia. Atividades educacionais e atendimentos médicos também estão previstos conforme as necessidades de cada detento.
Os agentes levam armamento letal e menos letal; body scan, raio-x e detector de metais para revista pessoal e material; sistemas de vigilância por áudio e vídeo; equipamentos de segurança e de inteligência; além de estrutura física reforçada contra tentativas de invasão e fuga.
Bicheiro foi preso dentro de condomínio de luxo
Rogério Andrade foi preso durante a Operação Último Ato, realizada pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro. Ele foi detido em sua casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca.
Andrade foi denunciado à Justiça pelo homicídio do também contraventor Fernando de Miranda Ignáccio, genro do contraventor falecido Castor de Andrade.
Rogério de Andrade é sobrinho de Castor de Andrade, que comandava o jogo do bicho e máquinas de caça-níqueis em toda a zona oeste da cidade.
O crime ocorreu no dia 10 de novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes. Na ocasião, Ignáccio retornava de sua casa em Angra dos Reis e foi morto com três tiros de fuzil, em uma emboscada no heliporto. Os assassinos dispararam de um terreno ao lado do heliporto.
Em 2021, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) já tinha denunciado Rogério Andrade pelo crime, mas em fevereiro do ano seguinte, a ação foi trancada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que alegou falta de provas que comprovassem que o contraventor era o mandante do crime.
*Com informações da Agência Brasil