O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, garantiu, nesta sexta-feira (24), que os “Estados Unidos não buscam entrar em conflito com o Irã”, após ordenar, um dia antes, ataques aéreos na Síria que mataram 14 combatentes com vínculos com a República Islâmica.

“Não se enganem, os Estados Unidos não buscam um conflito com o Irã, mas estão preparados para agir com força para proteger seu povo”, disse o presidente americano durante visita ao Canadá, em alusão ao bombardeio lançado no leste da Síria em represália por um ataque com drones contra uma base americana.

Um prestador de serviço morreu e cinco soldados ficaram feridos quando um drone explosivo “de origem iraniana” atingiu, na quinta-feira, uma instalação de manutenção de uma base perto de Al Hasakeh, no nordeste da Síria, indicou o Pentágono em comunicado. O falecido e os feridos são cidadãos americanos.

Em resposta, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que, por indicação do presidente Joe Biden, ordenou “ataques aéreos de precisão esta noite, no leste da Síria, contra instalações utilizadas por grupos vinculados ao Exército de Guardiões da Revolução Islâmica”, a força armada ideológica do regime iraniano.

“Os ataques aéreos foram realizados em resposta ao ataque de hoje, e também em resposta a uma série de ataques recentes contra as forças da coalizão na Síria por parte de grupos vinculados aos Guardiões da Revolução”, explicou Austin.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido que conta com uma ampla rede de informantes na Síria, informou que 14 pessoas morreram nos bombardeios americanos, incluídos nove sírios.

“Os ataques americanos tiveram como alvo um depósito de armas na cidade de Deir Ezzor, e mataram seis combatentes pró-Irã”, assinalou.

“Outros dois combatentes morreram em ataques contra [posições em] o deserto de Al Mayadin, e outros seis nos arredores de Al Bukamal”, acrescentou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Nesta sexta-feira, grupos pró-Irã instalados perto da cidade de Al Mayadin dispararam três mísseis perto de uma base americana, disse Abdel Rahman.

Dois deles atingiram o maior campo de petróleo da Síria, Al Omar, onde fica a base americana, mas sem causar danos. O terceiro caiu em uma casa nos arredores.

Um dos porta-vozes do Comando Militar dos EUA para o Oriente Médio (Centcom) confirmou o ataque.

“Podemos confirmar que houve um ataque de foguete contra a zona verde [nome do campo de petróleo] na Síria”, sem deixar vítimas, declarou à AFP o comandante John Moore.

Por sua vez, as Forças Democráticas da Síria (FDS) – o exército ‘de facto’ dos curdos na região e aliado dos Estados Unidos – anunciaram que os disparos feriram dois civis.

– ‘Responderemos sempre’ –

Cerca de 900 soldados americanos estão na Síria como parte de uma coalizão internacional que luta contra o que resta do grupo jihadista Estado Islâmico (EI). Esses soldados são alvos frequentes de ataques efetuados por milícias.

“Tal como disse claramente o presidente Biden, tomaremos todas as medidas necessárias para defender nossos concidadãos e responderemos sempre no momento e no lugar de nossa escolha”, enfatizou o secretário de Defesa americano.

Os grupos iranianos e seus aliados, partidários do regime de Damasco, têm forte presença nas regiões próximas da fronteira com o Iraque, que constituem um importante ponto de passagem de armas para a Síria.

As tropas americanas também apoiam as FDS, que lideraram em 2019 a batalha contra o EI para expulsá-lo dos últimos territórios que o grupo terrorista controlava na Síria.

Em agosto de 2022, o presidente americano ordenou ataques de represália na província síria de Deir Ezzor, rica em petróleo, depois que um posto avançado da coalizão antijihadista sofreu um ataque de drone, que não deixou vítimas.

Esse ataque aconteceu no mesmo dia em que um meio de comunicação estatal iraniano noticiou a morte de um general do Exército dos Guardiões da Revolução, ocorrida dias antes, quando ele se encontrava “em missão na Síria como assessor militar”.

O Irã, aliado do regime do presidente Bashar al Assad, afirma ter enviado militares ao país árabe a pedido de Damasco e apenas na qualidade de assessores.

A coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos reconheceu diversas vezes que realizou ataques no leste da Síria contra combatentes pró-Irã.

Israel também efetuou numerosos ataques na Síria, mas são raras as vezes em que o Estado judeu reivindica suas ações no país vizinho.