O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou novamente nesta quarta-feira a decisão de Israel de construir novas casas em Jerusalém Oriental e reiterou o apoio de seu país a um Estado palestino “viável”, disse em Ramallah, Cisjordânia.

“Todos devem saber hoje que não há alternativa à solução de dois Estados (israelense e palestino), como parte integrante de qualquer plano de paz global”, declarou Biden, ao lado do presidente palestino Mahmud Abbas.

“Ontem, a decisão do governo israelense de avançar a construção de novas casas em Jerusalém Oriental compromete esta confiança, a confiança de que precisamos agora para iniciarmos negociações frutíferas”, acrescentou.

“Cabe a todas as partes desenvolver um clima de apoio às negociações e não complicá-las”, afirmou .

O governo de Benjamin Netanyahu provocou uma crise diplomática com os Estados Unidos ao autorizar na terça-feira, durante a visita de Biden, a construção de 1.600 novas casas em Ramat Shlomo, bairro habitado por judeus ultraortodoxos em um setor árabe de Jerusalém anexado por Israel.

A comunidade internacional não reconhece essa anexação.

Biden elogiou a “valentia e a convicção” do presidente Abbas e de seu primeiro-ministro Salam Fayyad.

Já o presidente palestino Mahmud Abbas acusou Israel de “destruir a confiança” e desferir um “duro golpe” na tentativa de retomar o diálogo entre israelenses e palestinos.

Abbas reafirmou o seu compromisso com a solução do conflito com base em dois Estados. Ele apoiou “um Estado de Israel que viva em segurança e paz ao lado de um Estado Palestino nas fronteiras de 6 de junho de 1967 com Jerusalém Oriental como capital”.

A decisão israelense provocou o descontentamento dos Estados Unidos, que Biden expressou na terça-feira à noite, chegando com duas horas de atraso a um jantar oferecido por Netanyahu.

Na ONU, o secretário-geral Ban Ki-moon reiterou que as colônias são “ilegais” aos olhos do Direito Internacional, enquanto que os Estados árabes prometeram “uma resposta clara” à colonização em Jerusalém Oriental, durante uma reunião realizada nesta quarta-feira à noite no Cairo.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, também protestou nesta quarta-feira.

Depois de meses de esforços diplomáticos e de idas e vindas de seu enviado especial para o Oriente Médio George Mitchell, os Estados Unidos conseguiram lançar negociações indiretas entre israelenses e palestinos para reativar o processo de paz bloqueado desde o final de 2008.

Os palestinos, que aceitaram sem entusiasmo este diálogo indireto, continuam exigindo um congelamento total da colonização judaica antes de voltar à mesa de negociações diretas.

Mas Netanyahu rejeita qualquer condição prévia e ofereceu uma moratória limitada de 10 meses na colonização na Cisjordânia, à exceção de Jerusalém Oriental.

Netanyahu, criticado pela imprensa israelense por “arruinar” as relações cruciais com o aliado americano, negou-se a comentar a crise.

“Não haverá comunicado algum sobre este assunto”, assegurou à AFP seu porta-voz, Mark Regev.

No entanto, o ministro da Defesa israelense, o trabalhista Ehud Barak, denunciou “um anúncio supérfluo que perturba as negociações de paz com os palestinos”.

“É realmente embaraçoso, e temos que pedir desculpas por esta falta grave”, comentou seu colega trabalhista Yitzhak Herzog, ministro da Saúde.

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