22/04/2021 - 0:06
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reconhecerá como genocídio o massacre de 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, reportaram meios de comunicação locais nesta quarta-feira (21).
Se o gesto se confirmar, o reconhecimento aumentaria as tensões com a Turquia, um aliado da Otan que refuta com veemência essa designação, que já foi adotada por uma dezena de países, incluindo França e Rússia.
Espera-se que Biden faça este anúncio no sábado, 24 de abril, data do 106º aniversário do início do massacre dos armênios em 1915, quando tropas do Império Otomano combatiam a Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial na região onde hoje fica a Armênia, segundo o The New York Times e o The Wall Street Journal.
A decisão faria de Biden o primeiro presidente americano a chamar explicitamente de genocídio o massacre.
Embora não traga consequências legais, a designação incomodaria Ancara, que rejeita o termo “genocídio” e nega qualquer menção a extermínio, enquanto evoca massacres recíprocos com um fundo de guerra civil e fome que deixou centenas de milhares de mortos dos dois lados.
As informações da imprensa aparecem depois que cem membros do Congresso pediram a Biden em uma carta que cumpra com a promessa eleitoral de reconhecer o genocídio armênio.
O Congresso americano reconheceu formalmente os massacres como genocídio em dezembro de 2019 em uma votação simbólica.
“O vergonhoso silêncio do governo dos Estados Unidos com relação ao fato histórico do genocídio armênio tem sido mantido por tempo demais e deve acabar”, diz a carta.
Depois que o Parlamento holandês aprovou uma moção em fevereiro exigindo o governo a reconhecer o genocídio, a Turquia disse que a medida “buscava reescrever a história com base em motivações políticas”.
Diante da possibilidade de que Biden use o discurso de sábado para reconhecer o genocídio, o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, disse em entrevista nesta semana que “declarações que não são legalmente vinculantes não trarão benefícios, mas prejudicarão os laços (…) Se os Estados Unidos quiserem piorar os laços, a decisão é sua”.