05/02/2003 - 8:00
Reunidos no mar, os barcos que disputam a America?s Cup valem mais de US$ 500 milhões. São belíssimas embarcações a vela com tudo o que há de mais moderno no setor náutico. Mas dentro delas há uma fortuna ainda maior e que passa facilmente dos US$ 50 bilhões. Não são em equipamentos de navegação ou em algum moderno sistema sonar. A cifra espantosa é o valor somado dos bilionários que disputam o campeonato de iatismo mais almejado do mundo. São figurões que saem do papel de executivos para atuar como marinheiros em um mundo à parte, onde o glamour e a aventura predominam. Entre eles está Paul Allen, fundador da empresa de tecnologia Microsoft, dono de US$ 21 bilhões e do posto de terceiro homem mais rico do planeta. Juntamente com ele, na sociedade da equipe One World, encontra-se Craig McCaw, criador do telefone celular e dono de uma fortuna de US$ 3,5 bilhões. A lista de ricaços que navegam em busca da America?s Cup vai mais longe. Larry Ellison, maior acionista da empresa de software Oracle e de US$ 15,2 bilhões, compete pela equipe Oracle BMW, e seu rival Ernesto Bertarelli, um dos proprietários da empresa de biotecnologia Serono e de US$ 8,5 bilhões, disputa pela suíça Alinghi. A competição envolve tanto charme que um dos ícones da moda mundial, a italiana Prada, atesta a afirmação com a presença de seu principal executivo, Patrizio Bertelli. Com uma fortuna estimada em US$ 1,4 bilhão, ele atua pela equipe que leva o nome de sua empresa. Enquanto isso, Hasso Plattner, acionista da empresa de tecnologia SAP e de um patrimônio de US$ 4,4 bilhões, assiste a briga de camarote. Seu time, o New Zeland Team, é o atual campeão da concorrida regata.
No mundo dos negócios esses homens são verdadeiros gigantes que disputam contratos para torná-los
cada vez mais ricos. Na America?s Cup, o que menos importa para eles é dinheiro. Larry Ellison, por exemplo, investiu US$ 95 milhões na sua equipe Oracle BMW. Isso ainda é pouco. Lá, entre mastros e velas, o que está em jogo é a vaidade e o ego de cada um dos bilionários. E essa briga ultrapassa os limites da boa concorrência. ?Há equipes que são acusadas de espionagem e acabam perdendo pontos?, diz o iatista Torben Grael, medalha de ouro em Atlanta e integrante da equipe Prada. A equipe One World, dos bilionários Paul Allen e Craig McCaw, foi uma das que infringiram as regras. Descobriu-se que ela tinha desenhos secretos do rival New Zeland Team. O resultado? Perdeu pontos e foi multada em
US$ 70 mil.
Tanta disputa em torno de um campeonato é compreendida quando as regras da America?s Cup ficam mais claras. O campeonato foi criado há mais de 150 anos na Inglaterra. Apenas um barco defende o título contra um barco desafiante. Com o passar dos anos a badalada regata tornou-se mais importante e várias equipes do mundo inteiro começaram a desafiar o vencedor da regata anterior. Mas como a regra permite apenas um desafiante, foi criada uma espécie de semifinal: a Louis Vuitton Cup, patrocinada pela renomada marca de artigos de luxo. Quem vence a regata pode disputar a final da America?s Cup. Neste ano a Louis Vuitton Cup, encerrada em 19 de janeiro, teve como vencedor Ernesto Bertarelli, da suíça Alinghi, que derrotou Larry Ellison, da Oracle. Ele agora vai disputar a America?s Cup em melhor de nove regatas, a primeira em 15 de fevereiro. Dia em que o bicampeão New Zeland Team vai navegar pelo golfo de Hauraki, na Nova Zelândia, defendendo novamente o tão disputado título. Só que, desta vez, contra o novato Bertarelli. Um jovem garoto de 37 anos e US$ 8,5 bilhões na conta bancária.