08/05/2025 - 19:41
Bilionário aumentou o ritmo de doações por meio de sua fundação e pretende gastar 200 bilhões de dólares nos próximos 20 anos.O cofundador da Microsoft Bill Gates anunciou nesta quinta-feira (08/05) que planeja doar 200 bilhões de dólares (R$ 1,1 trilhão) por meio de sua fundação até 31 de dezembro de 2045.
Ele publicou um gráfico em que mostra que seu patrimônio líquido cairá 99% nos próximos 20 anos, duplicando o ritmo de doações que já havia previsto anteriormente.
“As pessoas dirão muitas coisas sobre mim quando eu morrer, mas estou determinado que ‘ele morreu rico’ não seja uma delas”, escreveu Gates. Segundo ele, os recursos ajudarão a erradicar doenças como poliomielite e malária, reduzir a mortalidade infantil e materna e combater a pobreza global.
O dono da Microsoft está em 13º lugar na lista de bilionários da revista Forbes, com um patrimônio líquido de 112,6 bilhões de dólares *R$ 636 bilhões). O dono da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, é o primeiro, com 383,2 bilhões de dólares.
Gates também criticou Musk devido à suspensão da ajuda humanitária comandada pelo dono da Tesla desde que assumiu um cargo no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) do presidente americano Donald Trump.
Musk se vangloriou publicamente de “jogar a Usaid [Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional] no triturador”. Aproximadamente 80% dos programas de ajuda humanitária estão previstos para serem cortados.
“A imagem do homem mais rico do mundo matando as crianças mais pobres do mundo não é bonita”, disse Gates sobre Musk em uma entrevista ao Financial Times.
“ONGs não preenchem lacunas deixadas pelos governos”
O orçamento anual da Fundação Bill e Melinda Gates chegará a 9 bilhões de dólares até 2026 (R$ 51 bilhões), com uma previsão de cerca de 10 bilhões de dólares (R$ 56 bilhões) por ano a partir de então, devido à aceleração dos gastos. Gates alertou que sua ONG e outras instituições filantrópicas não serão capazes de preencher as lacunas deixadas pelos governos.
“Há problemas urgentes demais para eu guardar recursos que poderiam ser usados para ajudar as pessoas”, afirmou Gates em uma postagem em seu site. “Não está claro se os países mais ricos continuarão a apoiar os mais pobres.”
Ele elogiou a resposta de governos africanos, onde alguns países realocaram orçamentos, mas destacou que, sem o financiamento dos EUA, iniciativas como a erradicação da poliomielite não seriam possíveis.
Para ele, isso levaria a uma reversão dos progressos feitos nas últimas décadas na redução da mortalidade, devido aos cortes nos financiamentos por governos ao redor do mundo.
“O número de mortes começará a subir pela primeira vez. Serão milhões de mortes a mais por causa da falta de recursos”, disse em entrevista à agência de notícias Reuters.
Questionado se tinha feito um apelo a Musk para mudar de postura, Gates afirmou que a decisão agora cabe ao Congresso dos EUA.
“Musk disse que Gates é um grande mentiroso”, respondeu Musk a um tweet em sua plataforma X, que mostrava uma entrevista com Gates sobre os cortes na ajuda dos EUA.
Fundação é alvo de críticas
Desde sua criação, a fundação já doou 100 bilhões de dólares, apoiando iniciativas como o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária.
Gates afirmou que a fundação será encerrada quando o valor previsto foi alcançado. Originalmente, a ideia era que a instituição fosse encerrada apenas décadas após sua morte.
A fundação tem enfrentado críticas pelo poder e influência excessivos no setor de saúde global.
Gates também foi alvo de teorias da conspiração, especialmente durante a pandemia de covid-19. Recentemente, ele conversou com Trump sobre a importância do investimento contínuo em saúde global.
gq (reuters, afp)