Deu no The New York Times. Não é brincadeira não. O jornal publicou matéria mostrando que, neste verão, as mulheres americanas na faixa dos 40 anos estão deixando o recato de lado e aposentando os maiôs na hora de ir à praia. E não é só. É sobre as peças mais ousadas que recai a escolha dessas consumidoras. Os estilistas brasileiros, é claro, não perderam tempo. Pegaram carona na mudança de comportamento e refazem as contas de quanto devem faturar nos Estados Unidos ? principal mercado para a moda praia ?made in Brazil?. Entre as marcas preferidas, estão a Rosa Chá, a Lenny e a Bum Bum, encontradas em butiques badaladas como Donna Karan, Saks e Barneys, em Nova York. ?O Brasil é cada vez mais referência para o mundo?, afirma Amir Slama, que fundou há 12 anos a Rosa Chá. No ano passado, a grife subiu às passarelas da famosa Semana de Moda de Nova York. Das 460 mil peças feitas em 2000, foi exportada a fatia de 9% (7,5% para os EUA, onde a marca está em 130 pontos de vendas). Até quatro anos atrás, apenas 0,5% do que produzia chegava a outros países. Neste ano, Slama participa novamente do principal evento americano de moda. ?Vamos crescer 20%.?

O mesmo otimismo é demonstrado por Izabel Salles, gerente comercial da Bum Bum. ?É a única moda que podemos vender em qualquer canto do mundo.? A empresa, que se revelou há cerca de uma década como uma das primeiras marcas brasileiras usadas por consumidores dos EUA e da Europa, reduziu sua operação internacional. Temporariamente, avisa Izabel. A grife carioca que chegou a ter lojas em Ibiza (Espanha) e na Califórnia (EUA) vem passando por uma reestruturação. ?O potencial para exportação é imenso e não temos pressa em retomar com força total as vendas para o exterior ?, afirma Izabel.

 

Para Slama, da Rosa Chá, apesar de a tradição de exportar a moda praia ser antiga, os estilistas brasileiros só tiveram destaque depois de investir na pesquisa de tecidos e no acabamento das peças. ?Desde que passamos a exportar um conceito completo de moda, não apenas biquínis e maiôs, não paramos mais de ganhar espaço no mercado internacional. Antes disso acontecer, uns cinco anos atrás, não queriam pagar mais do que US$ 4,00 por peça?, diz Slama, que tem suas criações dividindo espaço com famosas grifes internacionais, como Prada e Gucci. Hoje, os biquínis são vendidos no exterior por um preço que varia de US$ 20,00 a US$ 30,00. Outra grife que está entre os sonhos de consumo das americanas é a Lenny, criada há 15 anos pela estilista carioca Maria Helena Niemeyer. Em 2001, a empresa prevê a venda de mais de 15 mil peças para o mercado americano, metade das exportações.

Se alguém ainda tem dúvidas de que as consumidoras estrangeiras, principalmente as americanas, não querem mais saber daqueles biquínis tamanho família, basta ver o que aconteceu com a Rosa Chá. Quando iniciou suas exportações, há cerca de quatro anos, a empresa tinha um catálogo com peças em três tamanhos. O corte variava de acordo com o destino: Europa (médio), Brasil (pequeno) e EUA (grande). Hoje é diferente. ?Os estrangeiros se encantam com o nosso produto e não querem nenhuma mudança de tamanho ou de estampa?, diz Slama.