Depois de atingir seu ápice no fim de 2021, os níveis de capital de grandes bancos no Brasil e ao redor do globo baixaram para os patamares pré-pandemia no primeiro semestre de 2022, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS), uma espécie de Banco Central dos BCs. Os índices se reduziram em todas as regiões, com as maiores quedas registradas em instituições financeiras europeias, conforme levantamento da entidade publicado nesta terça-feira.

O BIS analisou dados de 181 bancos no mundo, sendo dois brasileiros, cujos nomes não foram revelados. Desses, 114 formam o chamado “Grupo 1”, que abrange grandes instituições financeiras com capital superior a 3 bilhões de euros, incluindo a lista dos 30 “grandes demais para quebrar”, ou sistemicamente importantes, os chamados G-SIBs, na sigla em inglês. Outros 66 pertencem ao “Grupo 02”, que representa aqueles sem atuação internacional relevante.

O chamado capital de nível 1 (CET1, na sigla em inglês), que é aquele de melhor qualidade, do Grupo 1, no qual os dois bancos brasileiros são considerados, baixou de 13,4% no fim de 2021 para 12,7% em junho de 2022. No caso dos bancos sistematicamente importantes, a queda foi de 13,1% para 12,6%, enquanto o indicador do grupo 2 recuou de 17,7% a 16,9%, respectivamente.

“Todos os índices de capital diminuíram durante o primeiro semestre de 2022. Os bancos europeus relatam a queda mais pronunciada”, destaca o BIS, com sede em Basileia, na Suíça.

O índice de capital de bancos europeus se reduziu de 15,3% no fim de 2021 a 14,3% em junho de 2022. No caso daqueles situados nas Américas, o indicador cedeu de 12,4% a 11,8%, em igual período.

Segundo o BIS, o índice de alavancagem dos bancos também caiu em média em todas as regiões, após apresentar alguma volatilidade durante a pandemia. Já o índice que mede a distribuição de dividendos das instituições financeiras segue tendência de crescimento depois de retiradas as medidas de restrições determinadas por bancos centrais durante a covid-19 como uma forma de impulsionar a liquidez em suas respectivas geografias bem como no mundo.

O relatório do BIS também traz detalhes sobre as novas regras de Basileia III, que disciplinam o tratamento do capital dentro dos bancos. O conjunto foi postergado em meio à pandemia de covid-19. A implementação dos requisitos mínimos finais começou em 1º de janeiro de 2023.

Segundo o BIS, os bancos costumam apresentar queda nos índices de capital no primeiro semestre e aumento na segunda metade do ano. No entanto, nos seis primeiros meses de 202s, essa queda foi mais acentuada. “Considerando a atual situação macroprudencial dos bancos, isso está em linha com as expectativas”, diz a entidade.