O preço do Bitcoin superou, na última segunda-feira, 26, o valor de US$ 54 mil, pela primeira vez desde dezembro de 2021, prendendo ainda mais a atenção do mercado financeiro. Mas, afinal, quais são os fatores que tem levado a criptomoeda a atingir patamares recordes?

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Antes de falar sobre os motivos, é importante ressaltar que, segundo uma pesquisa recém publicada pela Bitso, empresa de serviços financeiros baseados em criptomoedas, o Bitcoin representou 58% de todas as compras de criptoativos no segundo semestre de 2023.

Na avaliação do head de cripto da Bitso, Andrés Salcedo, há três fatores fundamentais para o aquecimento do rally por criptoativos: o halving de 2024, a aprovação dos ETFs e os ciclos de preço do bitcoin.

Segundo o especialista, o halving trata-se de um acontecimento pré-programado que ocorre a cada 210 mil blocos minados (aproximadamente a cada quatro anos), que reduz pela metade as recompensas em bitcoins que os mineradores recebem por verificar transações.

“Essa redução foi desenhada desde a concepção do Bitcoin para proteger seu valor e assegurar sua escassez ao longo do tempo, replicando o suprimento limitado de metais preciosos como o ouro. A expectativa do mercado é que o próximo halving aconteça em abril deste ano”, afirma Salcedo.

Quanto a aprovação dos fundos negociados em bolsa, os ETFs, Salcedo explica que a novidade injetou entusiasmo no mercado e valida o valor essencial do Bitcoin como uma ativo sólido equiparável à prata e ao ouro.

“Nesse sentido, a capitalização de mercado do ETF do Bitcoin (mais de US$ 39 bilhões) já superou o do ETF da prata (aproximadamente, US$ 12 bilhões) e se encontra abaixo do ETF do ouro (cerca de US$ 97 milhões). Esse instrumento também oferece uma via tradicional para que investidores institucionais participem do crescimento do Bitcoin e fortaleçam a perspectiva a longo prazo do ativo e das indústrias que o cercam”, acrescenta.

Os ciclos de preço do bitcoin, que costumam começar com halving, têm sido consistentes com períodos de crescimento prolongado e marcados por alcançar sua máxima histórica para depois se estabilizar. Como ressalta Salcedo, o preço mais alto obtido pelo Bitcoin ocorreu em novembro de 2021, de US$ 68 mil, em ciclo semelhante ao atual.

“Estamos em um momento emocionante na história do Bitcoin com o halving e sua exposição em mercados tradicionais, através dos ETFs. O halving é importante pois os setores se regem pelos comportamentos de oferta e demanda; e o mercado do Bitcoin, assim como o do ouro, está composto por estas forças. Existem dois tipos de oferta: a secundária, composta por BTC comprados e vendidos; e a primária, composta por BTC minados e vendidos, que será reduzida pela metade por volta de 18 de abril de 2024″, analisa Salcedo.

Ainda segundo o executivo, o Bitcoin tem demonstrado sua capacidade como reserva de valor e tecnologia várias vezes ao longo dos últimos anos.

“Nos últimos meses, temos visto mais pessoas e instituições agindo de acordo com esta realidade”, complementa.

Fluxo de alta do bitcoin deve perdurar?

Segundo o CoinMarketCap, no começo deste mês, o Bitcoin foi negociado a US$ 52 mil, entregando assim ganhos de 15%. Ainda assim, as saídas no Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) diminuíram nas últimas semanas, e os fluxos para os demais produtos financeiros dispararam. Inclusive, ​​desde o começo do ano, a oferta adquirida por detentores de curto prazo (STH) aumentou em 400.000 BTC, com uma parcela significativa atribuída aos fundos e ETFs, mas outros investidores não ficaram muito atrás, conseguindo pouco menos de 200.000 BTC.

“Com base nas experiências de halvings anteriores (2012, 2016 e 2020), a desaceleração resulta em tendências de alta acentuadas que geralmente se espalham pelo Ethereum e por todo o ecossistema de altcoins”, analisa o CEO e cofundador da Ripio, empresa de tecnologia blockchain, Sebastián Serrano.

Na sua avaliação, em todos os ciclos anteriores (2012, 2016 e 2020), a desaceleração resultou em tendências de alta acentuadas que geralmente se espalham pelo Ethereum (ETH) e por todo o ecossistema de altcoins.

“Em todos os ciclos anteriores, a demanda começou a esquentar meses após o halving, mas agora estamos observando uma maior atividade antes do halving e isso foi antecipado devido a uma forte demanda que era esperada com a aprovação dos ETFs. Analisando este contexto, muito provavelmente será um ciclo intenso, mas talvez mais curto”, ressalta Serrano.

Serrano lembra, ainda, que ainda há incertezas em relação ao super ciclo e se ele vai durar muito tempo. O que está claro, na avaliação do executivo, é que os ETFs são importantes para o mercado cripto e estão exigindo e atraindo muito capital.

“Com o ciclo de alta já bem encaminhado, as dominantes Bitcoin, Ethereum e Solana parecem ser criptomoedas com um futuro promissor em 2024. Entretanto, é provável que haverá outras oportunidades durante o ano”, finaliza.