10/07/2015 - 16:57
Joseph Blatter, presidente demissionário da Fifa, afirmou nesta sexta-feira que as reformas na entidade são mais importantes que a eleição de seu sucessor, criticando diretamente a Uefa do francês Michel Platini.
“Na Europa, só existe um único tema: a eleição do presidente. Contudo, as reformas que até agora não pudemos empreender são mais importantes”, escreveu Blatter em um texto publicado nesta sexta-feira na revista semanal da Fifa.
Um novo presidente da Fifa será eleito no Congresso extraordinário eletivo, que acontecerá entre dezembro deste ano e fevereiro de 2016. A data oficial será anunciada em 20 de julho na reunião do Comitê Executivo extraordinário.
Michel Platini, presidente da Uefa que pediu inúmeras vezes a saída de Blatter, é tido como grande favorito para suceder Blatter, mas o suíço garante que a Federação Europeia tem trabalho a fazer no quesito ética.
“Quando a Fifa propõe colocar em funcionamento regras de comportamento ético no conjunto da entidade, todas as confederações se opõe, menos a Ásia”, lembrou Blatter. “A Uefa ainda não tem uma Comissão de Ética e a Federação Alemã também não”, criticou.
Em relação às reformas, Blatter afirma que é preciso “modificar as estruturas de tal maneira que se tornem inatacáveis”.
“O Comitê Executivo deve ser eleito e controlado pelo Congresso. Precisam ser feitos testes de integridade independentes, por exemplo pela Comissão de Ética”, explicou.
“Ocupar o cargo de presidente só tem uma importância secundária, mesmo se isso acaba chamando a atenção. Espero que o Congresso não se deixe deslumbrar, já que o que está em jogo é a Fifa, nem mais, nem menos”, disse o dirigente.
O dirigente aproveitou para se defender do escândalo de corrupção que abala a entidade ao afirmar que não é responsável pelo comportamento dos membros do Comitê Executivo da Federação Internacional de Futebol.
“Nas últimas semanas, o descontentamento geral contra a Fifa se dirigiu principalmente contra mim. Não tenho nenhum problema com isto, sou capaz de me defender”, afirma Blatter em um artigo publicado na revista da Fifa, da qual a AFP obteve uma cópia antes da publicação.
“Faço um apelo, no entanto, à boa fé da opinião pública. Não saberia assumir uma responsabilidade sobre membros de um governo (o Comitê Executivo da Fifa) que eu mesmo não elegi”, completa.
“O presidente da Fifa deve trabalhar com as pessoas designadas pelas Confederações. Não sou, portanto, responsável em nada pelo comportamento dos integrantes deste Comitê”, insiste Blatter, presidente da Fifa desde 1998 e que anunciou a renúncia no início de junho, poucos dias depois de ter sido reeleito para o quinto mandato.
As afirmações de Blatter foram divulgadas um dia depois do anúncio da Fifa sobre o banimento do americano Chuck Blazer, de 70 anos, ex-secretário geral da Concacaf e ex-membro do Comitê Executivo da Fifa. Blazer é o informante chave da justiça americana em sua investigação sobre a corrupção na Fifa.
Ex-aliado de Blatter, o americano “cometeu muitos atos de má conduta de forma contínua e repetida durante seu mandato como dirigente em vários postos de alto nível na Fifa e na Concacaf”, anunciou a Fifa na quinta-feira.
Blazer se declarou culpado em novembro de 2013 de 10 acusações, incluindo transferências fraudulentas, lavagem de dinheiro, evasão fiscal e corrupção. Os crimes podem provocar penas de até 100 anos de prisão.