Principal delator do esquema de corrupção da Fifa, o americano Chuck Blazer admitiu que ele e outros dirigentes da entidade receberam propinas durante o processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 1998 e 2010, revelou uma súmula de audiência divulgada nesta quarta-feira.

Réu confesso, o excêntrico milionário barbudo, que foi vice-presidente da Federação de Futebol dos Estados Unidos e membro do comitê executivo da Fifa, é acusado de extorsão e lavagem de dinheiro e aceitou colaborar com a Justiça americana para escapar da prisão.

“Durante o período em que trabalhei para a Fifa e a Concacaf, cometi com outras pessoas pelo menos dois atos de extorsão”, admitiu o cartola em depoimento ao tribunal de Nova York, em audiência de 25 de novembro de 2013.

A Copa do Mundo de 1998 foi disputada na França, no ano em que Joseph Blatter assumiu a presidência da Fifa. Já a edição de 2010 aconteceu na África do Sul, e foi a primeira a ser organizada no continente.

“Entre outras coisas, concordei, com outras pessoas, por volta do ano de 1992, com facilitar a aceitação de um esquema de propinas durante o processo de escolha do país-sede da Copa do Mundo de 1998”, confessou.

De acordo com outra súmula de audiência, Blazer diz que estava presente quando um outro membro do esquema aceitou propinas no Marrocos, país que concorria com a França para sediar a competição. A França venceu a disputa por 12 votos, contra sete dos marroquinos.

Blazer também admitiu que ele “e outros membros do comitê executivo da Fifa” aceitaram “a partir de 2004 e até 2011 propinas durante o processo de escolha da África do Sul para sediar a Copa de 2010”.

Fortes suspeitas de corrupção já pesavam o Mundial Sul-Africano. Na última segunda-feira, o jornal “The New York Times” acusou o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, de ter efetuado o pagamento de 10 milhões de dólares em propinas a Jack Warner, ex-presidente da Concacaf. Desde esta quarta-feira, Warner figura na lista das pessoas mais procuradas pela Interpol.

Valcke e a Fifa negam qualquer irregularidade, alegando que o pagamento foi realizado para financiar projetos de desenvolvimento do futebol no Caribe, como parte do legado da Copa.

Blazer, de 70 anos, é conhecido como o “senhor 10%” do esquema de corrupção da Fifa. Pesando mais de 190 quilos, ele se desloca apenas em um carrinho elétrico e costuma postar na Internet fotos com fantasias de diabo, ou de mestre Jedi.