Por Steve Gorman

(Reuters) – Uma placa de gelo com quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo se soltou do extremo congelado da Antártida para o Mar de Weddell, tornando-se o maior iceberg do mundo à deriva, informou a Agência Espacial Europeia na quarta-feira.

Batizado pelos cientistas de A-76, o iceberg foi visto em imagens de satélite recentes capturadas pela missão Copernicus Sentinel-1, disse a agência espacial em um comunicado publicado em seu site com uma foto do enorme bloco de gelo.

Sua área de superfície se estende por 4.320 quilômetros quadrados –quase três vezes a área de São Paulo (1.521 quilômetros)– e ele tem 175 quilômetros de comprimento por 25 quilômetros de largura.

A enormidade do A-76, que se separou da plataforma de gelo Ronne da Antártida, faz ele constar como o maior iceberg existente no planeta, superando o hoje segundo colocado A-23A, que tem cerca de 3.380 quilômetros quadrados e também flutua no Mar de Weddell.

Outro iceberg imenso da Antártida que ameaçava uma ilha povoada por pinguins no extremo sul da América do Sul perdeu a maior parte de sua massa e se rompeu em pedaços, disseram cientistas no início deste ano.

O A-76 foi detectado inicialmente pela British Antarctic Survey e confirmado pelo Centro Nacional do Gelo dos Estados Unidos, sediado em Maryland, usando imagens do Copernicus Sentinel-1, que consiste de dois satélites de órbita polar.

A plataforma de gelo Ronne, localizada próxima da base da Península Antártida, é uma das maiores plataformas de gelo flutuantes que se conectam com a massa terrestre do continente e se estendem a áreas circundantes.

A ruptura periódica de grandes pedaços destas plataformas são parte de um ciclo natural, e o rompimento da A-76, que provavelmente se dividirá em dois ou três pedaços em breve, não está ligado à mudança climática, disse Ted Scambos, geólogo pesquisador da Universidade do Colorado, em Boulder.

Scambos disse que a Ronne e outra plataforma de gelo enorme, a Ross, “se comportaram de uma maneira estável, quase periódica” ao longo do último século ou mais. Como o gelo já estava flutuando no mar antes de se afastar do litoral, seu rompimento não eleva os níveis do oceano, explicou ele à Reuters por email.

Algumas plataformas de gelo ao longo da Península Antártida, mais distantes do Polo Sul, passaram por uma desintegração rápida em anos recentes, um fenômeno que cientistas acreditam que pode ter relação com o aquecimento global, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA.

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