15/04/2022 - 10:24
A União Europeia (UE) está analisando possíveis alternativas para sancionar o petróleo da Rússia pela guerra na Ucrânia, mas tal cenário é extremamente complexo e levaria vários meses para ser implementado, disseram fontes europeias nesta sexta-feira (15).
“Agir sobre o petróleo exige desfazer os contratos existentes, encontrar alternativas e evitar que as sanções sejam contornadas. Isso não acontecerá da noite para o dia. Levará pelo menos alguns meses”, explicou um funcionário europeu envolvido nas discussões.
Segundo a mesma fonte, a Comissão Europeia (braço executivo do bloco) “está considerando opções”, como a ideia de pagamentos de importações europeias a uma conta bloqueada de depósito em garantia.
Ao mesmo tempo, restringir a demanda terá “impacto nos aumentos de preços”, disseram ministros e altos funcionários entrevistados pela AFP.
“Além disso, se a Rússia vender o petróleo rejeitado pelos europeus a outros compradores, a sanção será inútil”, destacou um deles.
O presidente russo Vladimir Putin pediu na quarta-feira uma diversificação dos mercados para levar os recursos energéticos da Rússia “para outras partes do mundo que realmente precisam deles”.
Os europeus estão tentando impedir que a China e a Índia contornem as sanções e procuram transmitir a seus interlocutores que será “difícil para a UE aceitar parceiros que minam” tais medidas restritivas, disse um diplomata europeu.
A UE decidiu em 8 de abril parar de comprar carvão da Rússia, fechar seus portos para navios russos e proibir a exportação de vários bens e tecnologias.
No entanto, a pressão por sanções contra o setor petrolífero russo provoca tensões evidentes na União Europeia, já que Hungria, Eslováquia e Bulgária continuam comprando petróleo da Rússia.
“Não podemos acabar com nosso vício de repente”, alertou o ministro das Relações Exteriores da Eslováquia, Ivan Korcok, no início desta semana.
Numa reunião de chanceleres europeus no Luxemburgo, o chefe da diplomacia irlandesa, Simon Coveney, lembrou que a UE gasta “centenas de milhões de euros na importação de petróleo da Rússia, o que certamente ajuda a financiar” a guerra na Ucrânia.
“Devemos parar este financiamento, mesmo que crie enormes desafios e problemas”, acrescentou.
Em 2021, a Rússia foi responsável por 30% das importações europeias de petróleo e 15% das compras de derivados.
Segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a fatura destas compras de petróleo russo ascendeu a cerca de 80 bilhões de dólares, aos quais devem ser adicionados outros 20 bilhões de dólares pela compra de gás da Rússia.