Pensar como uma startup e entregar como uma empresa madura. O movimento ágil, arrojado e dinâmico no mercado tem proporcionado à BMW a oportunidade de garantir resultados importantes no Brasil. Em 2021, a montadora fechou pelo terceiro ano consecutivo na liderança do segmento Premium, com aumento de 16,8% nas vendas. Foram emplacadas 14.552 unidades, contra 12.429 do ano anterior — a Mini, também pertencente ao grupo, comercializou 1.418 exemplares, alta de 9%. E no que depender do apetite de Aksel Krieger, CEO e presidente do grupo BMW no Brasil, a bandeira vai crescer outros dois dígitos em 2022, apesar das adversidades que se desenham para a temporada. “A Anfavea (Associação das Montadoras) prevê alta de 8,5%, mas aqui falamos em dois dígitos. O jogo acabou de começar”, afirmou o executivo à DINHEIRO, na terça-feira (22), no lançamento do iX, novo SUV elétrico da BMW. A montadora promete trazer outros dois modelos eletrificados como parte do projeto de renovar até 30 produtos entre carros e motocicletas ainda este ano.

Digitalização, melhoria nos processos e nos sistemas são algumas das justificativas de Krieger para o crescimento exponencial da bandeira a partir de 2020 — com 33% de market share atualmente. “Isso sem contar o fato de produzirmos carros no Brasil e também exportarmos tecnologia por meio do nosso centro de engenharia (a Digital Key, por exemplo, permite abrir o veículo pelo smartphone)”, disse. Diante de tantas iniciativas, o foco no cliente tornou-se essencial para o sucesso da BMW nos negócios. E, consequentemente, a atenção às concessionárias uma prioridade. “Temos falado muito daquele conceito de ‘on-line to off-line’, então a rede tem um papel fundamental nessa entrega ao cliente”, disse Krieger. Os investimentos realizados em concessionárias chegam a R$ 100 milhões para transformá-las em pontos “sem paredes”, com um “novo conceito”, como afirmou Roberto Carvalho, diretor comercial da BMW no Brasil. O plano de modernização da rede foi iniciado no ano passado e tem término previsto para 2023.

Apesar das adversidades econômicas, como a inflação em alta e o real ainda desvalorizado, o principal desafio da BMW será superar os números de 2021, segundo o CEO. Além dos crescimentos apresentados por BMW e Mini, as motocicletas Motorrad — marca também pertecente ao grupo — registraram alta de 13,9% nas vendas, com 11,9 mil unidades comercializadas. E, pela primeira vez, o Brasil tornou-se o maior mercado da América Latina ao superar o México. Regionalmente, a venda de automóveis da BMW apresentou incremento de 15,4%, duas vezes superior ao registrado globalmente, com 47,6 mil exemplares, mas ainda 11% abaixo do volume do período pré-pandemia. Mundialmente, a montadora assumiu a liderança ao comercializar 2,2 milhões de veículos no ano passado, contra 2 milhões da agora segunda colocada Mercedes.

As estratégias de crescimento da BMW são apoiadas por investimento de R$ 500 milhões, até 2024, na fábrica de Araquari (SC), para a produção de novos modelos. O valor soma-se ao R$ 1,3 bilhão investido na unidade desde 2014. Atualmente, saem da planta catarinense o Série 3, além dos modelos X1, X3 e X4. A montadora estima fabricar 10 mil unidades neste ano, a exemplo de 2021. Parte do aporte será aplicada em mudanças na planta e no desenvolvimento de softwares de digitalização, uma das apostas da empresa. O crescimento gradual do mercado de eletrificados no Brasil ainda não convenceu a montadora a investir na produção local. No entanto, Krieger confirmou que metade dos veículos disponibilizados pelo grupo BMW até 2030 será eletrificado. Atualmente, 20% das vendas gerais são do segmento.

ESTRELA A maior aposta no segmento de eletrificados está no iX. O SUV teve pré-venda aberta em janeiro e as 30 unidades disponibilizadas esgotaram em 12 horas. O modelo oferece duas versões: xDrive 40 (R$ 654,9 mil) e xDrive 50 Sport (R$ 799,9 mil). Além do iX, a BMW pretende lançar outros dois modelos elétricos em 2022. O iX3, versão a bateria do SUV X3 e que vai rivalizar com o Volvo XC40 elétrico, e o i4. Com isso, o grupo terá cinco modelos eletrificados no País, contados o Mini Cooper S E e o BMW i3. A montadora foi a primeira premium a oferecer um carro eletrificado no Brasil, o i3, ainda em 2014. Oito anos depois, parece disposta a continuar na dianteira, seja entre os modelos do segmento, seja entre os a combustão.