Silenciosamente, um carro cruza a rodovia que liga Nuremberg a Munique, na Alemanha, a 150 quilômetros por hora. Em se tratando das estradas alemãs, famosas por não possuír limites de velocidade, o veículo se encontra em uma cadência moderada. Acontece que não se trata de um carro qualquer.
 

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O X6 Hybrid, com motor V8, também conta com propulsão elétrica que reduz
a emissão de poluentes em 10%. O carro já está no mercado

O que está em cena é o Mini E, da marca Mini, do Grupo BMW, o primeiro veículo totalmente elétrico da montadora. Apesar do título de inovação, o modelo não será posto à venda. A BMW produziu no ano passado uma frota de 600 unidades e as entregou, gratuitamente, a clientes da Europa e dos Estados Unidos para que sejam realizados testes de desempenho e de adaptação a um carro dependente apenas de eletricidade.

Até agora, a BMW afirma que os resultados são positivos: a maioria dos que testaram o carro afirmou não ter sentido uma redução no prazer de dirigir nem ter encontrado dificuldades para recarregar o automóvel na tomada. No ano que vem, o Mini E sai de cena e dá lugar a uma frota de Active E.

Esse segundo modelo, agora com quatro lugares e um bagageiro de 200 litros, também não será lançado. E assim, após colhidas as informações das duas baterias de teste, somente em 2013 é que a montadora lançará mundialmente o que batizou de Mega City Vehicle (MCV) ou Veículo da Megacidade. Será uma nova linha de BMW totalmente elétrica. ?Estamos comprometidos em produzir veículos com zero emissão de poluentes?, aponta o britânico Ian Robertson, diretor de vendas da BMW. 

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Só que até chegar lá, ou seja, o lançamento de uma BMW elétrica, há uma série de questões a serem resolvidas. A principal delas é a necessidade de uma bateria de lítio que consiga armazenar energia para garantir autonomia ao carro. No Mini E, que tem autonomia de 150 quilômetros e motor de 240 cavalos de potência, essa bateria pesa mais de 250 quilos.

Para tornar o carro do futuro mais leve, a BMW decidiu desenvolver uma carroceria de fibra de carbono, que é tão rígida quanto o aço e 50% mais leve. O que está disponível por enquanto são os modelos híbridos, a exemplo do que vêm fazendo seus concorrentes, como Audi, Mercedes e Honda. O que há de mais avançado é o Concept Serie 5, apresentado no Salão de Genebra deste ano, com motor de 6 cilindros, além do X6 Hybrid e do 7 Series Active Hybrid, com motores V8.

Esses modelos, além de luxuosos, têm propulsão elétrica, que reduz o consumo de gasolina e a emissão de poluentes em até 10%. Esse é o estágio em que se encontra a BMW na busca de um veículo tão potente quanto os movidos a gasolina, mas que seja sustentável. Nesse jogo, ganha quem tiver mais tecnologia pronta para ser aplicada e que seja comercialmente viável e quem tiver respostas para depender menos do petróleo ? que tende a tornar-se mais escasso se comparado ao volume da demanda mundial. Soma-se a isso a legislação que se torna cada vez mais rígida para a emissão de poluentes. A BMW, por exemplo, afirma já ter também a tecnologia disponível para fazer carros a hidrogênio.

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 ?É preciso olhar todo o cenário das matrizes energéticas para saber que tipo de energia é melhor em cada lugar?, explica Ronaldo Mazará, coordenador da comissão de veículos híbridos e elétricos da SAE Brasil. É que em um lugar como os EUA, que se utiliza de usinas de carvão para produzir energia elétrica, pode ser que seja menos nocivo manter os carros movidos a gasolina.

No Brasil, que obtém uma pequena parte de sua energia por meio de termoelétricas, pode ser interessante. O governo federal estuda uma proposta para dar incentivos fiscais para carros elétricos e híbridos ? mas ainda tem dúvida se isso não seria um obstáculo à sua principal bandeira, que é propagar o etanol.

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Políticas à parte, a BMW no Brasil, mesmo sem um modelo de carro a álcool, cresce a uma média de 25% ao ano desde 2006. No ano passado, foi inaugurada uma fábrica de motos em Manaus, e seus planos de expansão incluem aumentar as 25 lojas BMW existentes para 38, e as lojas Mini, das cinco existentes, serão 23 unidades. 

?Estamos com um crescimento muito forte, especialmente se comparado com os níveis da indústria nacional?, diz Jörg Henning Dornbusch, presidente da BMW no Brasil. No mundo, o grupo foi afetado pela crise, mas se manteve lucrativo. O faturamento de 2009 fechou em 50,6 bilhões de euros, com uma queda de 4,7% em relação ao ano anterior e lucro líquido de 210 milhões de euros. ?Quando de fala em combustíveis alternativos, ninguém tem todas as respostas, mas estamos pesquisando?, conta Robertson, diretor de vendas da BMW.

 
Outro alemão híbrido

A Mercedes-Benz já tem sua versão de carro de luxo ecológico

A montadora Mercedes-Benz acaba de lançar seu primeiro modelo de automóvel com tecnologia híbrida. Trata-se do S 400 Hybrid, um sedã luxuoso que combina um motor a gasolina 3.5 V6 com 205 kW/279 cv de potência a uma unidade elétrica de 15 kW/20 cv. Segundo a montadora, o S 400 Hybrid é o veículo desse porte menos poluente e mais econômico do mundo, com emissão de CO2 de 186 gramas por quilômetro.
 

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Entre as inovações, o carro traz a função ECO start/stop. O motor desliga-se automaticamente abaixo de 15 km/h (quando o pedal de freio está pressionado), poupando combustível em congestionamentos. A partida é dada instantaneamente assim que se retira o pé do freio. O carro é vendido sob encomenda por US$ 253,5 mil.