25/05/2011 - 21:00
A BNDESPar, empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai converter as debêntures da JBS que possui em ações da empresa, elevando sua participação direta e indireta de 25% para 37,3%. A empresa informou que o negócio afasta a hipótese de uma oferta pública da sua subsidiária americana JBS USA Holdings.
Em teleconferência, o presidente da empresa, Wesley Batista, afirmou que os controladores da JBS optaram por manter menos de 50% de participação. A operação ainda deverá ser aprovada em assembleia, mas já divide opiniões no mercado. Luiz Cesta e Marco Richieri, da Votorantim Corretora, afirmam que a oferta pode ser uma maneira de reduzir o endividamento do frigorífico e consideram a operação ?levemente negativa?.
No entanto, eles lembram que ?o fluxo de caixa será menos pressionado, melhorando os lucros por ação no curto prazo?. Outros analistas avaliam que a operação será positiva, pois a JBS agora pode esperar um momento melhor do mercado para fazer uma eventual oferta pública. Alem disso, as debêntures se transformarão em ações e deixarão de aparecer como dívida, o que vai melhorar os indicadores da empresa. Os investidores não gostaram da notícia. Do dia em que a operação foi aprovada, na terça-feira 17, até a quinta-feira 19, os papéis da JBS caíram 8,3%.
Touro x Urso
A prisão do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn vem se refletindo no mercado. O Ibovespa não resistiu e caiu 2,5% entre 13 e 19 de maio. No ano, as perdas acumuladas já superam 10%.
O mercado aguarda os próximos indicadores para definir uma tendência. No Brasil, o índice de confiança do consumidor de maio será divulgado na na quarta-feira 25. Nos Estados Unidos, as vendas de casas novas de abril saem na terça 24.
Educação financeira
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Desempenho das empresas por setor de atividade
Destaque no pregão
Lucro baixo derrete ação da Gerdau
Os resultados da companhia siderúrgica Gerdau no primeiro trimestre de 2011 não agradaram o mercado. O lucro caiu 22% para R$ 391 milhões. Como resultado, as ações do grupo siderúrgico já recuaram mais de 17% desde o fim de 2010. Os investidores também se ressentiram do fato de a Gerdau ter captado R$ 4,5 bilhões por meio de uma emissão de ações e não ter definido claramente o destino dos recursos. Esperava-se que a empresa comprasse parte da concorrente Usiminas, mas o negócio não saiu e a falta de definição desagradou os investidores.
Palavra de analista
?A oferta excessiva de ações contribuiu para a queda?, diz João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos. ?A emissão representou quase 20% do valor de mercado da Gerdau em um momento de elevada aversão ao risco?, diz. O analista diz que as ações estão baratas, mas só são recomendadas para quem tem um perfil de longo prazo. No curto prazo, alerta Brugger, as cotações ainda devem oscilar bastante.
Quem vem lá
CVC vai à bolsa
A operadora de turismo CVC pretende abrir capital entre setembro e outubro deste ano, informaram executivos que acompanham a operação. A empresa é controlada pelo grupo Carlyle, que comprou 63,6% da companhia das mãos do empresário Guilherme Paulus por aproximadamente R$ 700 milhões, no começo de 2010. A venda de ações deve ser proporcional à participação atual e o grupo Carlyle deve continuar como controlador. A expectativa da companhia é arrecadar R$ 1 bilhão com a oferta de ações. Procurados, a CVC e o Carlyle não comentaram a operação.
Mercado em números
TAM
R$ 128,8 milhões: Foi o lucro líquido da companhia aérea TAM no primeiro trimestre de 2011, revertendo o prejuízo de R$ 71 milhões do mesmo período do ano anterior. As receitas do plano de milhas Multiplus aumentaram 456,6% e chegaram a R$ 227 milhões.
Cesp
R$ 61 milhões: Foi o lucro líquido da companhia de energia Cesp nos três primeiros meses de 2011, um crescimento de 117,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa reduziu em 6,7% suas despesas operacionais e aumentou sua receita operacional em 4,4%.
Banco Pine
R$ 31,5 milhões: Foi o lucro líquido do banco Pine no primeiro trimestre de 2011, avanço de 4,3% ante 2010. O principal fator foi o aumento da carteira de crédito.
Marfrig
R$ 25,2 milhões: Foi o lucro líquido do grupo do setor de alimentos Marfrig no primeiro trimestre de 2011. No mesmo período do ano anterior, a companhia havia sofrido prejuízo R$ 51 milhões.
Magazine Luiza
R$ 12,3 milhões: Foi o lucro líquido do Magazine Luiza entre janeiro e março de 2011, aumento de 31,7% em relação a 2010. Foram inauguradas 148 lojas no período, atingindo o total de 604 unidades.
Pelo mundo
Home Depot eleva a projeção de lucros
A varejista de materiais de construção americana Home Depot aumentou sua projeção de lucros para 2011. A expectativa é que a companhia ganhe US$ 2,24 por ação, 11,4% mais que no ano fiscal de 2010. Para as vendas, a empresa manteve projeção de um aumento de 2,5%.
Walmart vende 4% mais no trimestre
O volume de vendas do Walmart alcançou US$ 103 bilhões no mundo no primeiro trimestre. O número absoluto pode até impressionar, mas representa um crescimento de apenas 4,4% ante o mesmo período de 2010. A cifra inclui um acréscimo de US$ 1,3 bilhão vindo de ganhos com o câmbio.
BlackRock vai recomprar ações
A gestora de fundos americana BlackRock vai recomprar 13,5 milhões de suas ações que hoje pertencem ao Bank of America, numa operação de US$ 2,5 bilhões. Os papéis serão vendidos por US$ 187,65 cada e a transação deve ser finalizada em 1o de junho.
Personagem
De olho na Copa, BHG planeja expansão
Um dos setores que mais deve ser beneficiado pela proximidade da Copa do Mundo de 2014 é o de turismo. O grupo hoteleiro Brazil Hospitality Group (BHG) é o único do segmento com capital aberto na BM&FBovespa. Peter van Voorst Vader, presidente da empresa, tem planos ambiciosos para aproveitar o momento e conversou com a DINHEIRO sobre o assunto.
O perfil dos hotéis da rede é mais voltado para o turismo de negócios. Como pretende atuar na época da Copa?
Toda demanda gerada pela Copa pode ser aproveitada e em nosso caso há uma vantagem: podemos escolher lugares onde a estrutura continuará recebendo hóspedes após os eventos. Daí o mapeamento além das grandes capitais. Nenhuma rede vive só de Copa.
Como aproveitar essa tendência?
Somos a única empresa hoteleira listada no Brasil e é normal que muitos investidores queiram aproveitar isso. Devemos ver desde grandes fundos até pessoas físicas querendo investir no ramo de serviços e vamos aproveitar essa demanda para fazer novas captações.
A empresa vai se financiar apenas na bolsa?
Nada nos impede de buscar dinheiro em outras fontes de recursos, como o BNDES, por exemplo. Temos um perfil conservador, pois o ramo de hotelaria é cíclico e gostamos de evitar alavancagem. Por isso estudamos fontes mistas.
Qual é a proposta do BHG para aproveitar melhor os eventos esportivos?
Queremos aumentar nossa capacidade de atendimento ampliando o número de quartos oferecidos na rede. Só em 2011, devemos elevar nossa capacidade em 1,5 mil quartos, repetindo esse número todos os anos até a Copa.
Como isso será feito?
De três maneiras: comprando hotéis já existentes, assumindo a administração de empreendimentos controlados por outros proprietários e construindo novas unidades.
Qual forma de expansão é mais vantajosa?
Cada caso é avaliado de uma maneira diferente. Construir um hotel novo leva tempo, demora cerca de dois anos. Por isso a construção não pode ser a única estratégia de crescimento.
Onde serão construídos os hotéis?
Mapeamos o Brasil inteiro e identificamos 35 cidades além das grandes capitais, como São Paulo, Rio e Belo Horizonte. São cidades com grande potencial de negócios ou com tradição no agronegócio. Acabamos de assinar um contrato para construir em Palmas, no Tocantins.
Colaborou Caio Moretto e Lilian Sobral