O banco privado tem o lucro como objetivo principal. Para o banco público, tão importante quanto o resultado financeiro é estimular o desenvolvimento. Principal banco brasileiro de fomento, o BNDES está usando um instrumento das instituições privadas para aumentar a concessão de crédito para micro, pequenas e médias empresas no País. Para isso, lançou o cartão BNDES, que funciona nos moldes dos cartões de crédito tradicionais. Desde março, quando começou a operação, o banco já emitiu 100 plásticos e disponibilizou R$ 3 milhões em crédito. Somente para a operação dos cartões, o BNDES reservou R$ 300 milhões do seu orçamento.

O produto do BNDES tem uma série de diferenças dos plásticos comuns. A primeira é a taxa de juros, bem mais baixa que a cobrada pelas administradoras. Enquanto as empresas de cartões cobram juros médios de 10,6% ao mês, a taxa mensal do cartão BNDES não chega a 2%. E, melhor ainda, são decrescentes. Eram de 1,74% em julho e caíram para 1,65% em agosto. A cobrança de taxas menores que outras modalidades financeiras é a maior vantagem do cartão BNDES. ?Tirando o cartão, a condição mais vantajosa para um pequeno comprador seria fazer um leasing para bens de capital, mas o juro seria no mínimo de 4%?, compara Fernando Banas, sócio da Epse Editora. Um dos primeiros usuários do cartão BNDES, Banas conseguiu o limite de crédito máximo, de R$ 50 mil, junto ao Bradesco, um dos bancos emissores. Foi com ele que comprou cinco computadores para sua empresa, no valor total de R$ 18 mil.

Para evitar que esse crédito barato fosse usado indiscriminadamente, o BNDES restringiu o uso do seu cartão ao portal criado pelo banco, o www.cartaobndes.gov.br. Todas as operações, incluindo o cadastro dos compradores, dos fornecedores e as transações, são feitas on-line. ?A operação é igual à de um cartão de crédito normal, só que as compras têm de ser feitas pelo site?, explica Jacob Kutwak, gerente do BNDES. ?Como o nosso cartão não tem tarja magnética, não dá para pagar a conta do restaurante com ele.? .