04/04/2017 - 12:49
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) tem o papel de ser o indutor de governança corporativa de uma companhia. Segundo a presidente do banco de fomento, Maria Silvia Marques, já está sendo praticada a exigência de uma série de requisitos para a entrada do banco no capital de uma empresa, assim como para o empréstimos de recursos.
“Há muita atenção do banco nisso”, disse Maria Silvia, em evento, em São Paulo, nesta terça-feira, 4.
Compartilhamento de garantias
Na próxima semana, o BNDES deverá anunciar mudanças no compartilhamento de garantias, disse Maria Silvia. Segundo ela, essa questão já foi discutida com os bancos públicos e privados.
“Sob dadas condições, deverá haver um tratamento mais equitativo no compartilhamento, na fase anterior ao compliance de garantias”, disse Maria Silvia.
Segundo ela, essa é uma das medidas nas quais o Banco trabalha para estimular a participação do setor privado nos investimentos e a adoção de boas práticas.
A presidente do banco disse ainda que estão em estudo debêntures em duas sérias, para diferentes investidores. Relatou ainda que um acordo foi estabelecido com o Banco mundial para atuar como âncora em debêntures.
Recursos do Tesouro
O BNDES não conta com a possibilidade de receber recursos do Tesouro, de acordo Maria Silvia. “O banco não depende nem nunca dependeu totalmente do Tesouro”, afirmou.
Ela destacou que o BNDES sempre captou recursos no mercado e está se preparando para voltar a acessar essa fonte de recursos. Não deu, porém, mais detalhes sobre eventual captação a ser feita pelo banco. Mencionou ainda que o BNDES tem uma “fonte de recursos estável e de longo prazo”, que é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e que a instituição tem o papel de “indutora de governança corporativa”.
Otimismo
A presidente do BNDES disse estar otimista com a retomada da liberação de empréstimos represados para construtoras devido à Operação Lava Jato. Durante o 4º Forum de Investimento do Bradesco BBI, Maria Silvia afirmou que as companhias que fecharem acordos de leniência terão acesso aos recursos após a assinatura de um termo de compliance.
“Se determinado construtor descumprir o termo de compliance ou de leniência, haverá cross default (vencimento antecipado de todas as dívidas)”, destacou.
Maria Silvia afirmou ainda que, para o BNDES, esses acordos são muito importantes e que deixam as empresas com cadastro positivo na instituição. Ela mencionou que Andrade Gutierrez e Galvão Engenharia já tiveram seus empréstimos retomados.
A imprensa chegou a ser barrada na palestra da presidente do BNDES. Mas minutos depois de todos os jornalistas serem desalojados, a decisão foi revista. “Transparência. Temos investido muito nisso”, afirmou Maria Silvia, durante a palestra.