04/04/2025 - 7:00
Com uma ampla oferta de fontes mais limpas de energia, o Brasil é apontado como um dos países que estão em vantagem nesse momento em que o mundo tem como foco a descarbonização da economia, sendo a transição energética parte desse processo.
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Contudo, Reynaldo Passanezi, CEO da Cemig, alerta que a vantagem brasileira pode ser perdida em cerca de 15 a 20 anos se não for aproveitada estrategicamente, uma vez que outros países têm direcionado investimentos nesse movimento.
“Nossa vantagem hoje pode ser temporária. O mundo está investindo trilhões de dólares em transição enérgica e essa vantagem de hoje a gente pode perder”, disse.
Reynaldo Passanezi destaca que o Brasil já tem cerca de 90% de sua matriz energética em fontes limpas – hidráulica, eólica, solar – e isso dá uma vantagem competitiva para atrair os setores que fazem uso intensivos de energia que precisam da matriz limpa para suas metas de redução de emissões.
“Essa, para mim, é a oportunidade [momento de transição energética]. Mas essa oportunidade tem que ser vista também como um risco. Porque o mundo estará ficando mais limpo e mais verde. O momento é aproveitar a vantagem que temos agora. No futuro, essa vantagem brasileira será muito menor, pois outros países também terão a matriz limpa como o Brasil”
Sobre a COP30 no Brasil, Passanezi avalia que é o momento de mostrar aos não brasileiros o potencial do Brasil dentro do cenário de transição energética e descarbonização, para que invistam no país. “Seja do lado de oferta, investimento em fontes renováveis, seja do lado de demanda, atraindo setores de uso intensivo de energia, para aproveitar nossa matriz limpa”.
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Passanezi foi um dos participantes do fórum sobre transição energética promovido pela Bloomberg NEF em São Paulo. Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o executivo detalhou que a empresa aumentou quase sete vezes seus investimentos, saindo de menos de R$ 1 bilhão em 2018 para mais de R$ 5,5 bilhões em 2025, com projeção de chegar a R$ 6,5 bilhões neste ano.
“Hoje a Cemig está realizando o maior programa de investimentos da história do grupo, muito importante falar desse crescimento”, diz, no que ele classifica como momento de “auge” da Cemig. “É um tema fundamental a Cemig voltar a ser indutora do crescimento de Minas”.
O volume faz pare do plano de investimentos da ordem de R$ 49 bilhões projetados para a década de 2019 a 2029. Sendo que quase a totalidade disso em grid, ou estrutura de rede. Segundo Passanezi, constam no planejamento 200 novas subestações, que se somam a outras 214 existentes, sendo que 130 já foram entregues. A ideia é que a rede possa suportar tanto do lado de geração, em parceria com o setor privado, principalmente vindo de fontes solares e eólica, como do lado de suporte ao aumento projetado de demanda.
Boa parte de do investimento (75%) da Cemig também está em distribuição trifásica, um sistema de distribuição em três fases que permite maior potência e estabilidade. A companhia responde por 450 mil quilômetros de rede. Passanezi diz que os investimentos são tanto para “melhor qualidade do serviço” como para atender ao “crescimento da demanda por energia”.