Uma mudança de humor de mercado sobre a economia brasileira começa a ser registrada. Se ainda não se pode falar em otimismo generalizado, ao menos parece ter passado aquele clima de frustração, alimentado pelas previsões tendenciosas de analistas sobre uma crise irreversível. O ânimo é outro e há razões concretas para tanto. A boa surpresa do PIB de 1,5% do último trimestre forçou uma revisão dos cálculos para a taxa anualizada. As projeções agora detectadas pelo boletim Focus, do BC, que apura as estimativas de economistas de cerca de 100 instituições financeiras, mostram um crescimento do Produto Interno Bruto girando na casa de 2,4% em 2013. 

 

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A melhoria no número é milimétrica, de 0,05%, mas significativa, dado que pela primeira vez em quase dois anos o Focus faz um reajuste para cima das apostas. A virada também é sentida em meio ao empresariado. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) detectou que empreendedores tanto da indústria como do comércio estão mais otimistas em relação ao cenário deste segundo semestre. A confiança do setor cresceu 1,2 ponto percentual em agosto sobre o mês anterior e reflete um entusiasmo em vários campos da atividade – das exportações à demanda interna, da compra de matéria-prima à contratação de empregados. Mesmo o indicador da utilização de capacidade instalada e de estoque revela uma expectativa positiva quanto à possibilidade de melhoria nessas áreas. 

 

Em suma, parece estar se construindo um consenso de que o País tem jeito sim e de que os caminhos do crescimento sustentável e do investimento podem ser retomados, apesar dos desvios de rota recentes. Surfando na onda de novas apostas para o Brasil – que quer deixar de ser o mercado do “pibinho” –, portentos internacionais de tradição acabam de anunciar seu desembarque por aqui. É o caso da rede de vestuário americana GAP, que começa a abrir lojas pelo País nesta semana, e do grupo sueco de móveis Ikea, que manifestou interesse em atuar internamente. A montadora alemã Audi também retorna com investimentos de R$ 500 milhões numa unidade para montar o modelo A3. São importantes sinalizações de que o País continua atraindo interesse e inversões, dado o seu potencial.