02/03/2005 - 7:00
O dublê de biólogo marinho e cartunista Stephen Hillenburg jamais poderia imaginar que aquela esponja do mar dentuça, que usa gravata e calça quadrada, causaria tanto furor no mundo do entretenimento. Bob Esponja saiu das pranchetas de Hillenburg para o desenho animado de maior sucesso do canal pago Nickelodeon e se transformou rapidamente em um colecionador de recordes. Na história recente dos personagens infantis, poucos foram aqueles que conseguiram agradar meninos e meninas e despertar paixões até mesmo entre os adultos. Duvida? Quase metade do público que foi aos cinemas nos EUA ver Bob Esponja, Calça Quadrada ? o Filme era formada por ?crianças? acima dos 18 anos, sem filhos. O primeiro longa de Bob, aliás, rendeu US$ 80 milhões em bilheteria e figurou durante semanas no primeiro posto da lista dos dez filmes mais procurados nos EUA. No resto do mundo, o filme já arrecadou outros US$ 45 milhões ? e ainda faltam 25 praças a serem conquistadas. No varejo, a onda do herói marinho é igualmente avassaladora. Calcula-se que a Bobmania tenha movimentado em 2004 mais de US$ 3,5 bilhões no Planeta. Essa ?febre amarela? também contaminou o Brasil. É só olhar em volta: garotas com bonecos do Bob, jovens com agasalhos do Bob, marmanjos jogando videogame do Bob. A Exim Character, dona dos direitos de licenciamento da marca por aqui, já avisou que está negociando uma linha de acessórios para carro e outra para pet shops. ?Ainda há setores inexplorados. A idéia é inundar o País com a esponja mais famosa do mundo?, diz Mônica Joseph, gerente de marketing da Exim.
Quem pretende ainda vestir o mercado de amarelo é a Paramount. Embalada pela audiência do desenho, que arrasta 5 milhões de pessoas todos os dias para a frente da TV, e do sucesso do longa-metragem, que estreou no fim de dezembro e já levou 1,2 milhão de aficionados ao cinema, a empresa prepara uma ampla campanha de marketing para a chegada do DVD do filme, previsto para o mês de maio. Cerca de R$ 500 mil serão gastos em mídia e campanhas promocionais. A expectativa é vender cerca de 120 mil unidades de VHS e DVD do Bob. ?O faturamento deve atingir R$ 3 milhões?, afirma Fábio Vianna, diretor geral da Paramount Home Entertainment Brasil. A julgar pela performance da pré-venda do DVD na Blockbuster, Viana tem motivos para ficar animado. ?A procura pelo produto está no mesmo nível de títulos consagrados como Harry Potter?, conta o executivo.
O fenômeno em que se transformou a esponja de Hillenburg seduziu até empresas avessas a licenciamento de personagens infantis. É o caso da Tramontina, que acaba de lançar uma linha de cadeiras, tesouras e talheres para crianças com a estampa de Bob. O grupo deve fechar fevereiro com a venda de mais de 1,5 milhão de tesouras, 1 milhão de talheres e 40 mil cadeiras de plástico. Outro que pegou a onda do desenho animado foi o Pão de Açúcar. No Natal, lançou o panetone do Bob Esponja embalado em lata. No geral, os panetones envoltos em papelão ou plástico vendem mais do que aqueles que vêm em lata, muito em virtude do preço. Com Bob foi diferente. O produto não só superou a marca dos panetones mais simples como espantou a diretoria da empresa ao apresentar índice de devolução de 0%. Explica-se: o grupo CBD, dono do Pão de Açúcar, sempre combina com fornecedores a devolução de produtos sazonais que eventualmente encalhem nas gôndolas. Geralmente, essa marca fica em 7% a 8%. Bob vendeu tudo. Não por outro motivo, a rede repetirá a dose na Páscoa: desta vez com um ovo quadrado do Bob.
O Esponja já provou que é campeão de vendas. Agora terá de mostrar que também é capaz de absorver golpes de organizações internacionais. Na semana passada, um centro de ciência que acompanha o efeito de produtos na sociedade americana acusou Bob Esponja de contribuir para a obesidade infantil ao vincular seu nome a guloseimas e fast-food. Diante do problema, os executivos da Nickelodeon trataram de agir: vão criar episódios que mostram um Bob esportista e preocupado em passar mensagens de um consumo saudável de alimentos. Outra tática é tentar convencer os atuais licenciados a adotarem o personagem em produtos menos calóricos. Que tal o hambúrguer de siri, igual ao que Bob vende na lanchonete de seu amigo Siriguejo, dono de uma cadeia de fast-food no fundo do mar?
1,2 milhão de brasileiros já foram ao
cinema conferir as aventuras do ?Esponja?
