13/11/2002 - 8:00
Pouca gente consegue chegar bem aos 50 anos sem passar por uma recauchutagem. Com a maior rede de fast-food nacional, não poderia ser diferente. No ano em que completa meio século de história, o Bob?s alterou sua logomarca, reformulou o padrão das lojas e até mudou de dono. No comando da rede, está agora a família carioca Bomeny ? dona do grupo Big Burger, uma holding que fatura R$ 35 milhões com as operações de fast-food, estacionamentos e postos de gasolina em todo o País. A família, que já tinha uma pequena fatia do Bob?s, abocanhou uma participação maior nos negócios da controladora da rede de lanchonetes, a Brazil Fast Food Corp. Ganhou também o direito de administrar as 256 lojas em 56 cidades de 22 Estados brasileiros. Na última semana, saía da presidência o holandês Peter Van Voorst Vader. Entrava o brasileiro Ricardo Figueiredo Bomeny.
A decisão veio depois de um período de crise financeira do Bob?s. Para resolver um gargalo de investimentos e tentar quitar as dívidas de mais de R$ 3 milhões que corroíam a empresa, os acionistas resolveram se unir. Uma das idéias era vender a segunda rede de fast-food do País para grupos estrangeiros. Uma das possibilidades era de que o Burger King comeria o Bob?s. Mas a decisão final veio exatamente na contramão: abrasileirar ainda mais a companhia, aumentando de 30% para 62% o capital em mãos de investidores locais. Em fevereiro, o grupo Big Burger levou grande parte da bolada. E, a partir de então, era a hora de reestruturar a companhia. Em maio deste ano, todos os fornecedores e parceiros foram chamados para a mesma mesa. ?Precisávamos renegociar contratos e dar mais folga à rede?, garante Ricardo Figueiredo Bomeny. O resultado não poderia ser melhor. As dívidas de curto prazo foram pagas. As de longo, renegociadas com o governo. Para completar a estratégia, a empresa precisava também aumentar suas vendas. A receita foi investir em lançamentos de novos produtos, coisa que não acontecia há algum tempo. ?Lançamos o Bob?s Grill no mês passado e ele já está entre os três produtos mais vendidos?, comemora Bomeny.
Retomada. Só faltavam números para justificar os feitos da nova administração. ?O mês de outubro foi um dos melhores do ano?, revela Bomeny. Agora, é o momento de voltar a crescer. Até o final do ano, já estão programados 40 novos pontos-de-venda. E a estimativa é fechar 2002 com faturamento 14% maior do que no ano anterior ? quando a rede bateu os R$ 183 milhões. Há, no entanto, uma diferença no formato das novas lojas. ?Estamos trabalhando com pontos menores, de até 25 m2?, conta o novo presidente. Com isso, o BigBob poderá ser vendido em lugares nunca imaginados. Por exemplo? Ao lado de bombas de gasolina, nos postos e até dentro de redes de supermercado. Deverá aparecer ainda em versões drive-thru, sem mesinhas para sentar. Muda também a rota de expansão da companhia. Até agora focada no Estado do Rio de Janeiro ? onde opera 50% das lojas e já tem uma participação expressiva ?, o Bob?s carimbará o passaporte em outras capitais importantes. Na mira estão São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Com tudo isso, o Bob?s espera passar outros 50 anos em forma.