09/09/2024 - 9:27
A Boeing chegou a um acordo provisório no domingo com um sindicato que representa mais de 32 mil trabalhadores da empresa no leste dos Estados Unidos, o que pode ajudar a companhia a evitar uma possível greve em 13 de setembro.
Se aprovado, o contrato de quatro anos proposto, que inclui um aumento geral de 25% nos salários e o compromisso de montagem do próximo avião comercial na área de Seattle, é uma vitória importante para o novo presidente-executivo da Boeing, Kelly Ortberg. O executivo assumiu o cargo no mês passado com a incumbência de reverter graves problemas de qualidade da fabricante de aviões, uma questão que um acordo com os trabalhadores pode ajudar.
O primeiro acordo trabalhista completo em 16 anos também inclui melhores benefícios de aposentadoria e dará ao sindicato maior participação na segurança e na qualidade do sistema de produção. O sindicato considerou esse o melhor contrato já negociado e descreveu os trabalhadores sindicalizados como comprometidos com a produção de aviões de qualidade.
A Boeing está lutando contra uma crise e enfrenta intensa fiscalização de órgãos reguladores e de clientes, depois que uma porta desativada de um modelo MAX se desprendeu durante o voo em janeiro deixando os passageiros expostos ao ambiente externo.
O acordo precisa ser aprovado na quinta-feira pelos trabalhadores da fábrica da Boeing perto de Seattle e Portland, Oregon, representados pela Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM). Os trabalhadores da Boeing podem rejeitar o acordo se ele não obtiver apoio da maioria. Uma greve é possível se dois terços apoiarem uma paralisação em uma segunda votação.
Se for ratificado pelos membros do sindicato na quinta-feira, o acordo significa que a Boeing terá de fabricar o substituto do 737 em suas instalações no noroeste do Pacífico, se o projeto for iniciado durante a vigência do contrato. Entretanto, não está claro quando a fabricante de aviões anunciará seu próximo jato.
A Boeing e a rival Airbus estão nos estágios iniciais de elaboração de estratégias para a substituição de seus modelos de corredor único mais vendidos, que deverão entrar em serviço no final da década de 2030.
A decisão da Boeing de se comprometer antecipadamente com seu principal centro de fabricação de aviões no noroeste dos EUA para novos modelos contrasta com os esforços anteriores de competir em diferentes locais, o que irritou o IAM.
“Isso será feito em conjunto com nossos outros modelos principais, o que significa segurança no emprego para as próximas gerações”, disse a presidente-executivo da Boeing Commercial Airplanes, Stephanie Pope, em uma mensagem aos funcionários.
Ortberg, que está sendo pressionado a mudar a cultura da Boeing para melhorar a qualidade, também precisa tratar das relações trabalhistas e do futuro da empresa, disse o analista aeroespacial Richard Aboulafia. Ortberg é um ex-executivo da Rockwell Collins que se mudou para Seattle para dirigir a empresa.
“A mudança de cultura começa com uma atitude diferente em relação à mão de obra e em relação ao futuro com o desenvolvimento de novos produtos”, disse Aboulafia.
Ao mesmo tempo, a Boeing enfrenta pressões financeiras significativas, pois continua a perder dinheiro. Em julho, a empresa anunciou prejuízo líquido de 1,44 bilhão de dólares no segundo trimestre.
Um acordo aceito garantirá a paz trabalhista para a Boeing em um momento em que a fabricante de aviões está gastando dinheiro e tentando aumentar a produção do modelo mais vendido, o 737 MAX, para uma meta de 38 aeronaves por mês até o final do ano.
O sindicato ficou aquém da meta inicial de conseguir um aumento de 40%, mas ainda assim saudou o acordo.
“Embora não tenha sido possível obter sucesso em todos os itens, podemos dizer honestamente que essa proposta é o melhor contrato que já negociamos em nossa história”, disse o sindicato local IAM.
Os trabalhadores da Boeing, que produzem os aviões de fuselagem larga 777 e 767 da Boeing, além do MAX, votaram em julho a favor de um mandato de greve.