O consultor em tecnologia Ricardo Gonçalves está rindo à toa. As exportações brasileiras de carne bateram recorde este ano. Romperam a barreira de 1,3 milhão de toneladas em setembro. Gonçalves embolsará um bom lucro. Ele não é parceiro de criadores de gado e, pouco menos, um fazendeiro. O consultor faz parte da leva de investidores pessoa fisica que negocia contratos futuros de boi gordo na BM&F. Apenas nos últimos 15 dias, a presença dos pequenos e médios aplicadores cresceu 10%. Chegou ao marco de 45% do total dos investidores do pregão. O volume de negócios teve um incremento de 5%, totalizando R$ 255 milhões. ?Os números internacionais positivos refletem no pregão?, diz Cassio Ramalho, do Fator.

A lógica da aplicação é bastante parecida com a do mercado de opção de ações da Bovespa, no qual é possível negociar sem ter o papel da companhia. Na BM&F, basta adquirir o direito de comprar ou vender uma determinada quantia de arroba por um determinado preço em uma data futura. Na BM&F, o contrato mínimo de boi gordo vale R$ 20 mil. Porém, para adquirir o direito de compra ou venda no futuro vale aplicar R$ 900 por contrato, referente a taxa de garantia. O lucro virá da diferença do preço da arroba no dia do investimento até a data do resgate. O prejuízo pode ficar na mesma proporção. Basta o mercado fazer o movimento inverso. Porém, no curto prazo, os analistas estão otimistas. A exportação de carne deve favorecer o preço do boi até o começo de 2004.