A decisão da Suprema Corte Federal do Iraque de suspender a candidatura do ex-ministro curdo Hoshyar Zebari, um dos favoritos à presidência, e anúncios de boicote feitos pelas principais formações parlamentares comprometem a votação desta segunda-feira para eleger o novo chefe de Estado.

A decisão das principais forças do Parlamento de não participar da sessão de amanhã deixa exposta as divisões políticas no país, devastado pela guerra e que enfrenta a corrupção e a pobreza.

Uma sessão parlamentar em que os 329 deputados devem eleger o novo presidente do país está prevista para amanhã, mas deputados do movimento do líder xiita Moqtada Sadr, maior força do Parlamento iraquiano, boicotarão a sessão.

A coalizão da soberania, com 51 deputados liderados pelo chefe do Parlamento, Mohamed al-Halbusi, aliado dos sadristas, também anunciou hoje um boicote à sessão. Mais tarde, o influente Partido Democrático do Curdistão (PDK), com 31 deputados, aderiu ao movimento e anunciou a sua ausência, “com o objetivo de continuar as consultas e o diálogo entre os blocos políticos”.

Os anúncios foram feitos depois que a Suprema Corte suspendeu hoje a candidatura do ex-ministro curdo Hoshyar Zebari. O mais alto tribunal do Iraque disse que membros do Parlamento – que elegem o presidente do país – solicitaram se pronunciar sobre uma denúncia de que a candidatura de Zebari é “inconstitucional” devido a acusações de corrupção.

A suspensão de Zebari é “temporária” enquanto o tribunal analisa o caso, segundo a decisão. Ele é um membro do alto escalão do influente Partido Democrático do Curdistão (PDK).

Os demandantes consideram que Zebari não reúne as condições exigidas pela Constituição para se tornar presidente, ou seja, “boa reputação e integridade”, informou o Tribunal. Especificamente, citam a sua destituição em 2016 pelo parlamento, quando era ministro das Finanças “devido a acusações relacionadas a atos de corrupção financeira e administrativa”.

A denúncia cita pelo menos dois outros processos judiciais que envolvem o ex-ministro, 68, inclusive quando ele era chefe da diplomacia. Também aponta “abuso de poder” relacionado a “somas importantes gastas em um prédio que não pertencia ao Estado”.

Vinte e cinco candidatos irão disputar as eleições presidenciais e dentre eles se destacam dois políticos veteranos: Zebari e o atual presidente, Barham Saleh, ambos dos dois partidos rivais que dominam a região autônoma do Curdistão.